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Colunista:

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domingo, 4 de outubro de 2015

Epicuro e a Felicidade, Ainda...




Em tempos de ignorância, não conseguia entender por que certas criaturas necessitavam citar filósofos antigos para contemporaneidades . Parecia-me sempre uma excentricidade, um exibicionismo retórico e pedante .

O tempo passa e não só nos damos conta de nossos ridículos particulares como do quanto o ser humano é cíclico , ainda que evolua no tempo.

Quer uma amostra? Questões antigas  acerca do sentido da vida ,de como encontrar a felicidade, por exemplo ,parecem ainda serem alcançadas por ecos de um passado remoto, como os ecos do  epicurismo :  sistema filosófico, criado por um filósofo ateniense chamado Epicuro de Samos , no século IV a.C.  , que nunca esteve tão atual.

Para Epicuro , o prazer seria o único fenômeno capaz de trazer o bem estar, a felicidade. Por pensar desta forma, foi confundido com os hedonistas, que alegavam ser o prazer o princípio e o fim de uma vida feliz. No entanto, Epicuro fazia  uma distinção entre o prazer passageiro e o prazer estável. O primeiro seria a alegria, a felicidade. Já o segundo seria a total ausência de
dor. Epicuro dizia que os sábios procuram pelo segundo prazer, condenando a impulsividade na satisfação pessoal. Segundo ele, “nenhum prazer é em si um mal, porém ,certas coisas capazes de engendrar prazeres trazem consigo maior número de males que de prazeres”.

Mas o que teria isso a ver com nossa contemporaneidade?

Na Grécia  de Epicuro, a democracia é abolida pelo novo monarca ,Alexandre, o Grande, que  passa a personificar o  chefe supremo. A participação integral de cada cidadão em todos os aspectos da vida comum persistiu até a tomada do Império  por Alexandre . Vencida pelo império macedônio, a polis renuncia em parte à sua autonomia e os cidadãos à sua soberania . A partir de então, desempenhar um papel político não era mais participar do poder coletivo do povo, mas colocar-se a serviço do soberano ou de seu governante em Atenas. É um período de pessimismo e de amargura; de homens expostos aos terrores perante as tiranias naturais e sobrenaturais. Como então conseguir alguma tranquilidade, sem sofrimentos, sem desesperos? Este foi o  dilema enfrentado por Epicuro.

Assim , na filosofia, o pensamento muda de maneira significativa : há uma imposição acerca da busca pela sabedoria e de respostas sobre o que seria a felicidade. Cultos religiosos antigos já não tinham mais massivos reflexos na crença popular e o medo dos deuses passava a ser  uma  inquietação rotineira.

Para as filosofias que  antecederam  a Epicuro ,no auge da polis, a busca da virtude e da  felicidade eram feitas pela política. O bem viver , no sistema aristotélico, por exemplo, era algo que ocorria somente em meio à polis. Já nos tempos de Epicuro, viveu-se uma crise parecida com a que vivemos no mundo contemporâneo, na qual identidades já assentadas nos costumes e no tempo , portanto estáveis até então,  começavam a se dissolver. Passa a haver uma desconexão entre o ideal de felicidade e o corpo de cidadãos que deve decidir a vida de todos , até por que ,  esta decisão escapa ,doravante, dos domínios do  cidadão. A Ágora , agora, deixa  a ribalta e ocupa seu lugar no panteão da utopia para as gerações posteriores  ou transfere-se para o “Jardim de Epicuro.”

Deste modo,  havia , assim como hoje, uma certa desafeição pela política. Tal como em nossos dias, a ética havia se desconectado dessa política, passando então a se centrar no próprio indivíduo. A busca da felicidade agora viria a ser individual. Hoje,  isso parece óbvio – vivenciamos isso -  mas na época era uma novidade das mais significativas. Nessa nova  
 concepção ética ,o homem deveria encontrar em si mesmo o princípio de sua liberdade. Aliás, esse será um traço de todas as filosofias helenísticas: o desinteresse pela política. Não estamos vendo um filme parecido, apesar da poeira dos tempos  ?



Isto posto , o epicurismo parece ter respondido a essas questões , propondo o recuo da ágora para o jardim (kepos). Na  escola de Epicuro havia uma casa e  um jardim. Este, uma espécie de horta ou horto,  onde se reuniam seus alunos e adeptos ;  o chamado jardim de Epicuro ou jardim dos prazeres, concebido como um refúgio. Cícero, distorcendo a verdade, chamava-lhe “um jardim de prazer onde os discípulos languesciam em gozos refinados” (qualquer similitude com nossos tempos ou com nossa mídia vendida, não será mera coincidência). Observem que esta concepção errônea prevalece em grande parte ainda em nosso tempo  ,  haja vista a confusão que se faz até hoje entre epicurismo e hedonismo.

Acho que vou deixar nossos amigos aí

embaixo finalizarem isso para mim ( são só 7 minutinhos, vai... )



Mary  Lúcia  Oliveira

#Epicuro 
#felicidade 
#filosofia


domingo, 27 de setembro de 2015

Entendendo - e perdoando - a mente fascista. Pai, eles realmente NÃO SABEM o que dizem !






Pessoas de esquerda tendem a ser mais inteligentes !



Suspeitei desde o princípio ...

Não, não estou sendo preconceituosa. Estou apenas  reproduzindo o resultado de um estudo feito  em uma universidade do Canadá, mostrando que  pessoas de esquerda  parecem tender  a  ser  mais  inteligentes . Já os menos inteligentes , ainda segundo a pesquisa, são propensos  a serem  mais  conservadores e preconceituosos. Vejam bem, eu disse PROPENSOS ! Nos termos da pesquisa , não  deve  haver  uma unanimidade , embora  seguramente  os dados devam demonstrar uma alta porcentagem em relação aos resultados.

Este conceito, na verdade, não é nenhuma novidade, uma vez que  estudos  anteriores já demonstravam que conservadorismo e preconceito sempre estiveram entrelaçados de algum modo. A originalidade da pesquisa , então, está na comprovação de que o posicionamento conservador e a atitude preconceituosa podem estar relacionados à baixa Inteligência.



O estudo  foi realizado  pelos pesquisadores Gordon Hodson e Michael A. Busseri, do departamento de Psicologia da Universidade Brock, de Ontario. Este estudo foi publicado pela revista “Psychological Science”  e , segundo os dados obtidos ,  é possível inferir    que  pessoas menos inteligentes se sintam  atraídas por   ideologias conservadoras porque estas exigem menor esforço intelectual, por oferecerem estruturas ordenadas e hierarquizadas, com as quais o indivíduo pode se sentir mais confortável por ter dificuldade em  conseguir entender estruturas  mais complexas.Vejam bem, não estou falando de nível de escolaridade mas sim de nível intelectual, de inteligência .



A diminuição da capacidade cognitiva ( menor inteligência) pode levar o indivíduo à construção de formas mais simples e até primitivas de representação do mundo à sua volta. Para um intelecto pouco desenvolvido, é bem mais fácil identificar, por exemplo, pessoas que não se conhece , que sejam diferentes ( raça, partido político, preferências sexuais, religião ... ) como  uma alteridade  intimidadora - ao invés de  tentar entendê-las - tornando-as uma suposta ameaça a ser combatida.Pior ainda, pessoas com essa capacidade cognitiva diminuída  tornam-se,frequentemente,presas fáceis  de uma mídia corrupta e manipuladora; haja vista o crescente avanço da imbecilização fascista a que estamos expostos. 



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Isto posto, talvez tenhamos que reavaliar a ameaça conservadora-fascista que assola o país. É preciso mais compreensão e , por que não dizer, indulgências  para com o bando de imbecis que frequentam passeatas,espalhando   o medo que sentem pelo diferente -travestido de ódio-  (embora- deixo aqui uma ressalva-também haja pessoas esclarecidas nelas). 



 Os imbecis , na verdade, são criaturas desprovidas de faculdades  medianas  de  raciocínio ,  para com as quais tenhamos de exercer a paciência e a capacidade de  ajudá-las a superar tal condição.

Talvez esta seja uma das lições para a esquerda: falar , com piedade e estratégia, aos imbecis...



Mary  Lúcia  Oliveira

Fonte de pesquisa:
 http://www.livescience.com/18132-intelligence-social-conservatism-racism.html


sábado, 12 de setembro de 2015

" Come Calcinha ..."




Não , não é o que você está pensando, animal ! Estou falando de ideias "bunda come calcinha ”. Desconfio que isso também aconteça com cuecas, mas tal fato  só devo supor.

Sabe quando a criatura "enfia a mão lá" , executa o "resgate"  , traz tudo à tona e , dois segundos depois , tudo como dantes ? 

 E  pode   ficar pior ainda. Além do “aprofundamento” , pode acabar se assentando em  “quinze para uma” ou “onze e quinze” , insistentemente .Uma espécie de ideia fixa  no "meridiano sul".



É como quando  certas coisas ou momentos da vida  insistem em permanecer sempre iguais (ou não queremos que mudem ) recorrentemente, até que em um dado momento parece que se cristalizam  , tomam forma e são assentadas como obviedades naturais.Ideias fixas que , apesar de incômodas , aparentam estar acima de qualquer aut0ssuspeita.

E quando se chega a este nível , apesar do desconforto  visível e entranhado,  é ainda mais difícil mudar.Mexer nas entranhas de si mesmo requer muita habilidade...   Não , não estou mais associando à condição ou desconforto,digamos,  físico  -  ser pornográfico e abjeto ! Estou a falar de comodismo , de manutenção de zonas de conforto ...  eu hein, criatura !!  


A zona de conforto é construída ao longo do tempo por , basicamente ,  dois  fatores: uma certa constância ou estabilidade das variáveis externas  (não passíveis de controle pelo individuo),mas que se mantêm mais ou menos estáveis e constantes (por algum tempo) ,fazendo com que a criatura  pense que jamais  mudarão e o induzindo de certa forma a  esperar  sempre por este "padrão".O segundo fator : o medo da frustração.

Tudo isso em conjunto , acaba muitas vezes  por permitir , ao longo do tempo,  que os objetivos da pessoa sejam sempre parecidos , sem muita ambição e com o mínimo de esforço. Evitando os riscos, o  indivíduo  deixa de sonhar alto, evitando igualmente grandes objetivos , isentando-se assim  não só de riscos  mas também de  desconforto, definindo para si  objetivos que considere sempre atingíveis, embora pequenos e pouco ousados.


Mas a zona de conforto pode se tornar um grande desconforto (falsa segurança). Por mais constantes,  estáveis e aparentemente confiáveis que sejam os fatores externos, um dia eles irão mudar; tudo muda. Assim,  o melhor – embora menos confortável a fazer -  é acompanharmos essa mudança. Até por que , elas  surgem  o tempo todo.





                                               



sábado, 29 de agosto de 2015

Perdoar é Assustador !




Perdão não é coisa de gente santificada, abnegada ou perfeita. Perdão é coisa de gente esperta, descolada, evoluída .Ou pelo menos deveria ser...


Só que não. A maioria das pessoas perdoa com as intenções erradas ,têm uma relação dúbia com o perdão: admiram quem perdoa  ao mesmo tempo em que as consideram como,digamos ; ridículas, otárias mesmo. Na verdade um misto de otário e legal.





Mas ser um otário legal pode render dividendos. Alguém que pratique o perdão social , aquele, por exemplo, do(a) traído (a)que perdoa uma traição e todo mundo sente por ele(a) admiração e pena ao mesmo tempo, que aceita as traições do(a) cônjuge , alegando que sua religião , o padre ou o  pastor o tenha aconselhado a perdoar -  colhe certos frutos - afinal , não precisará se separar e dividir os bens e rebaixar seu poder aquisitivo , além de  ficar “bem na fita” , despontando socialmente como criatura abnegada , quase santificada...       ... embora , pessoalmente , tenha de engolir:  a dúvida , a desconfiança (que depois deste “perdão”  será eterna , porém devidamente disfarçada) e a possibilidade de demonstrar a frustração que sentirá  (afinal, perdoou  e tem de manter seu teatro)até , provavelmente, o final de seus dias.


A religião parece ser  realmente muito importante  na vida das pessoas....Oferece o álibi perfeito para quem não está muito a fim de mudanças ou com preguiça de mudar , ou ainda, já se considera "naquela" idade em que mudar se apresenta como algo bastante complicado. Alguém falou em fé? Não , religião.

Aliás, falando-se ou não  em fé, também tenho a minha. Ela não move  montanhas ( bem, na verdade  não tentei, ainda...) mas é a minha fé. Tenho lá algumas crenças,  porém  sou avessa  a religiões , dogmas ou  formalismos religiosos de toda sorte. Eles só diminuem a experiência com o divino , creio eu. Mas, ainda no que se refere à fé , a minha sempre  tentei  experienciá-la  de maneira racional , embora haja quem não entenda como pode vir a ser isso. Bem , vou tentar explicar, voltando ao perdão.
  
As explicações acerca do perdão ,sob a ótica  do divino,  que mais me cooptaram ( não pela  historinha moralizante que  me obrigue  a crer em um enredo que ,apesar de verossímil , é quase sempre  fantástico  demais ou tem apenas um caráter “parabolesco-didático” - e que portanto carece de ser crível  no terreno da  lógica)  mas pela , digamos , “verossimilhança-lógica” (vou chamar assim),foram as da doutrina espírita  kardecista , por exemplo (que ainda assim, doutrina,e portanto –para meu espírito livre - desnecessária ),  na qual a questão do perdão fica perfeitamente explicável sob o ponto de vista do imponderável religioso :

No kardecismo exercita-se o que chamo de lógica doutrinário-religiosa, como esta acerca das reencarnações (equívocos - consequências - reparações - aprendizado).

 (...) “...O que ocorre é que a existência do espírito é única; as existências corpóreas é que são múltiplas, mas o ser integral é sempre o mesmo. As múltiplas existências corpóreas cumprem a finalidade de estágios de aprendizado, na verdade degraus de aperfeiçoamento.

Como estamos todos em aprendizados, cometemos equívocos. Tais equívocos geram conseqüências. Tais conseqüências podem redundar em prejuízos para nós mesmos ou para terceiros. E tais prejuízos devem ser reparados. Isto é das Leis Divinas.

Tais reparações nós as devemos à nossa própria consciência, à vida. E, neste processo, podemos nos encontrar em situações aflitivas, decorrentes todas dos equívocos que nos envolvemos.

Porém, tudo isso, não se refere a outro ser que viveu noutro tempo e que, aparentemente nenhum vínculo com ele mantemos. Não! Somos nós mesmos que agíamos nesta caminhada de aprendizados e que trazemos nas lembranças e registros, ainda que inconscientes, a necessidade dessas reparações que ora se apresentam na atualidade consciente que estamos vivendo.

Assim funciona a Lei da Reencarnação. Os filhos de Deus estagiam em diversas existências corpóreas (visando o próprio progresso, repetimos), habitando países e corpos diferentes, mas a individualidade é a mesma, razão pela qual carrega consigo seu patrimônio moral e intelectual, bem como as reparações devidas aos equívocos praticados com prejuízos para si mesmo ou para terceiros.

Então, não se trata de uma questão de pagar, mas de conquistar a paz de consciência. Quando constatamos, antes da presente encarnação, que prejudicamos alguém ou a nós mesmos, solicitamos que a próxima encarnação propicie os mecanismos de reparação.

Esses mecanismos podem apresentar-se com a aparência de enfermidades, limitações físicas, dificuldades materiais, obsessões, entre outras.

E a visão distorcida sobre os princípios espíritas gera a errônea ideia de que estamos no mundo para pagar... Renascemos simplesmente para dar continuidade ao processo evolutivo. Mas, como ontem (aqui significado existências corpóreas) nos alimentamos em excesso, hoje (atualidade que estamos vivendo da presente encarnação) poderemos estar enfrentando uma forte dor de estômago ou até uma incômoda diarreia, simplesmente como conseqüência imediata da gula. Agora peço ao leitor substituir o exagero da alimentação pelas diversas situações que podem ser imaginadas, em outros exemplos. O exemplo da alimentação é apenas comparativo.

Assim também nos prejuízos, de qualquer ordem, causados a terceiros.

Criamos vínculos com eles e os trazemos em nós através de conseqüências que também podem ser apresentar com diversas aparências. Isto é apenas a reação de uma ação.

E o assunto ainda pode ser ampliado na visão dos aprendizes negligentes.

Negligência no passado ou mesmo no presente. Tarefas adiadas, desprezadas, abandonadas... Tudo traz reflexos. Afinal colhemos hoje as ações de ontem e estamos continuamente semeando para o amanhã.


Por outro lado, a título de ilustração do assunto, solicito ao leitor considerar também que nem todo equívoco passado pode apresentar-se atualmente através de dificuldades. Muitas vezes, equívocos podem ser reparados através de trabalho e dedicação a causas e pessoas. Isto tudo porque, conforme já sabemos, ‘o amor cobre a multidão de pecados’ “.

 http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blog/show?id=2920723%3ABlogPost%3A1177850



Assim, a questão do perdão vai mais além do simples perdoar. Afinal, o perdoado - exatamente por ter recebido o perdão -  tende a acreditar que  escapará desta possível aprendizagem/reparação futura (nesta ou em outras supostas vidas);  até por que , aceitar que o que se faz a alguém , mesmo tendo sido perdoado    (inclusive  por um Deus religioso de qualquer religião),  será posteriormente revisado e reparado é bastante complicado . Para  " o perdoado",é  aterrorizante  admitir  que haja - mesmo após o perdão- REPARAÇÕES DEVIDAS AOS EQUÍVOCOS COMETIDOS , como forma de aprendizado/evolução.





Difícil aceitar que ainda se deva algo à dinâmica do universo, mesmo após ter sido convenientemente perdoado por alguém ou por um Deus qualquer.  
      

       
 Isto é nitroglicerina pura a implodir as certezas religiosas mais consolidadas do "faça hoje e seja perdoado por Deus amanhã".



E eu que pensei que o espiritismo era mesmo rejeitado por suas assustadoras explicações e ocorrências acerca dos espíritos... 




  



Que nada !
O medo é bem outro !


Mary  Lúcia  Oliveira.

domingo, 23 de agosto de 2015

Linguagem Nada Lúdica -Piadas Sem Graça


A linguagem é mais poderosa do que usualmente percebemos.
A língua de um povo pode ser utilizada, por exemplo, como instrumento de dominação sobre outro;  bem como,  resistir à assimilação de uma língua , em casos de guerra, pode significar a sobrevivência de uma nação e sua cultura.


Mas há processos bem menos óbvios que, para serem notados, seria necessário não apenas o exercício da observação como, na maioria das vezes, ser vítima (consciente) deles ; haja vista, a título de exemplificação, o processo contínuo e  nefastamente  “lúdico” de rebaixamento social da mulher por meio da linguagem, representada principalmente pelas piadas e palavrões  machistas ( instrumentos machistas)e suas implicações práticas na organização social ainda muito patriarcal , embora em transição.


“Lá vem ela de novo com seu blá- blá - blá feminista !"  Não , leitor, estou falando de humilhação , de injustiças e de violência. Contra a mulher apenas? Não , caro leitor, como já mencionei outras vezes , há respingos e rescaldos por toda parte...

"FODA-SE MACHISTA DE MERDA ! "


Constatada a obviedade do machismo em certas piadas , vamos analisar os palavrões (palavrão é linguagem? Ô se é !!!) mais comuns quando queremos xingar alguém de modo geral:


Quando se xinga tanto homens quanto mulheres(especialmente homens) :

- Filho da puta !

 - corno ! 
  
Quando se xinga apenas mulheres:

 - Mal- amada!
 -puta !
 -vagabunda !
 -piranha !
 -vadia!

Para um bom observador,salta aos olhos que a ofensa no caso doFilho da puta!” e do“corno!" não é exatamente  direcionada  ao ser a quem se quer ofender. Ofende-se basicamente aí , a mulher que deu origem à criatura a ser ofendida, ofendendo-se a moralidade de sua progenitora. Entretanto , o homem ainda se sente ofendido , e por quê ? Está bem escondido, mas está lá, tanto nos vocábulos quanto em suas reais intenções: ofender não a pessoa do macho em questão,mas sua incapacidade de se cercar de mulheres que não sejam “vadias” .Ou seja, o referido macho  estaria com os seus brios de macho ferido por não ter executado sua tarefa de controlar  suas fêmeas direito. Enfim, em nossa sociedade, para se ofender o macho deve-se rebaixar a(s) fêmeas que o cercam – não ele.


Já no caso específico das ofensas à mulher, a intenção é mais clara : punir socialmente a sexualidade feminina , controlá-la , ou fazer com que ela se acredite  inferior (mal-amada)  por supostamente não ter as atenções do ser masculino , privilegiado pela linguagem machista de uma sociedade ainda muito patriarcal, apesar de todos os avanços trazidos pela luta feminista.




Apesar de tais constatações , quase sempre que se mencione  procedimentos linguísticos de controle social da mulher e a necessidade de mudanças neste campo  , aparece alguém - tanto o machista quanto a fêmea equivocada/controlada  -  para dizer que isso é exagero , coisa de feminista “mal-amada”, num contínuo celebrar da sexualidade masculina em detrimento da feminina (vigiada e punida). Entretanto, nada  pode ser mais machista e retrógrado,impedindo que a sociedade  se torne melhor e mais evoluída .   


Infelizmente, a típica e retrógrada frase “...prenda suas cabritas que meu bode está solto”  ,  ainda é atual e constrangedoramente  repetida , assim como as piadas e palavrões machistas, até e infelizmente  , pelas fêmeas controladas e vítimas desse sistema.



Mary  Lúcia  Oliveira.