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Colunista:

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domingo, 31 de julho de 2016

De Grão em Grão. . .



     Adoro milho verde.
   Ando odiando muita coisa mas ainda gosto muito de milho verde. Porém,  gosto dele “in natura”:cozido,sem sal , sem manteiga/margarina,  SEM NADA !
Aquele gostinho natural e meio agridoce que só os fortes conseguem assimilar !

     Dia desses, comprei uma cumbuca de milho verde em um quiosque de rua e pedi ao vendedor : “sem sal e sem manteiga” .
   O “cara” me  olhou como quem acabara de ver um ET de três cabeças ...  Senti-me como se tivesse de pedir desculpas por ter feito um pedido tão indecente e ofensivo . Foi como se houvesse ofendido toda uma tradição milenar constituída e assentada em bases ultra sólidas e  arquetípicas.

     O olhar do vendedor foi tão opressivo e contundente que, por longos 5 segundos, cogitei a hipótese de estar errada , chegando a pensar em mudar o meu pedido. O vendedor , percebendo seu poder súbito e repressivo sobre mim, insuflou o peito e, arqueando as sobrancelhas como quem vai dar um último aviso/chance ,perguntou: “sem nada mesmo”??!!!!

 A postura e a  famigerada pergunta dele me fizeram voltar à tona dos cinco segundos em que quase sucumbi à empáfia secular dos vendedores convictos de seu ofício , digo,  ditadores de costumes comerciais , ao que respondi altiva, recobrando minha lógica costumeira e meus brios : “Sim, sem NADA !”

     Assim que peguei a vasilha das mãos dele , fiz questão de dar a primeira “bocada”
em frente ao sujeito, mostrando-lhe como é que se come prazerosamente milho verde , ao mesmo tempo em que se escapa de um sistema de crenças e convicções  atreladas à convenções ditas “normais”.  A porra do milho nem estava tão bom assim , mas eu não iria perder esta chance. Não era apenas   euzinha x o vendedor de milho verde, mas eu x o mundo quase inteiro de criaturas rendidas a padrões desconcertantes de alimentação nada saudável, para dizer o mínimo.

Desde os primórdios , somos influenciados por conteúdos simbólicos constituintes de crenças,, costumes, valores e religiões,ou seja, representações simbólicas culturais. Construímos nossas identidades e subjetividades de acordo com as relações e experiências com a cultura em que estamos inseridos reproduzindo  várias de suas representações.̧ões simbólicas. 

Muitas destas foram institucionalizadas algum tempo atrás, e outras, há milhões de anos, nos tempos mais primevos :comportamentos atávicos; repetições com/sem sentido; costumes ...

Assim, é muito comum não termos exata consciência do verdadeiro sentido de várias destas representações/repetições , embora sigamos executando-as..





Mas , o  que o pobre do milho verde tem a ver com isso ?




O milho , nada.

 Mas os "vendedores"...



Mary Lúcia Oliveira.

sábado, 23 de julho de 2016

Barba, cabelo e bigode...



Você percebe que envelheceu quando não consegue compreender bem a estética vigente, seja nas artes plásticas , na literatura, música ou simplesmente na moda e nos costumes. E assim, pego-me  a pensar: desde quando, um dos maiores símbolos visuais da masculinidade - o peito cabeludo - deixou de exercer seu poder ou o poder que possuía junto às mulheres de minha geração ?


Tudo bem que , tempos atrás,  quase todo  comercial de tv acerca de hábitos politicamente nada corretos (bebidas, cigarro...é, havia propagandas de cigarro ...) tinha um peito macho/cabeludo ao fundo .

Enfim, não estou conseguindo compreender o que tem feito homens , especialmente na faixa dos vinte, rasparem os pelos do peito, fazerem as sobrancelhas, mas manterem barbas espessas !!!  ??? Qual a lógica ? Ou seriam grupos distintos?



Bem , se você pergunta a eles , por que estão se depilando,  a resposta geralmente é  que NÓS estaríamos exigindo. Ok, apenas- por favor- “me tirem fora dessa !” Um peitinho cabeludo ainda tem o seu lugar ...e não, não estou falando do ogro neandertal todo peludo, com tufos de cabelo invadindo todos os orifícios ! "Jéhsuis" !



Fiz a mesma pergunta à minha sobrinha e suas amigas , todas  com  vinte e poucos anos , e elas disseram : “porque é nojento, parece desleixo, sujeira...” . Táh ! Ok. Ainda argumentei que, em contrapartida, elas andavam adorando homens barbudos , com aquela barba enorme e cheia...  Elas responderam:  “não mesmo, tia !!!”      (????)   Então, depois de muito cogitar , pude concluir que , a tal barba fechada, densa, só poderia ser uma tentativa masculina desesperada de reação e que , com toda a pressão feminina , provavelmente não durará muito tempo...É esperar, vendo-os capitular ...

Talvez, dentro desse “ parece desleixo, sujeira” , possa estar ; associado e  escondido , um  certo asco ainda desconhecido em relação ao machismo de sempre e seus ícones...

Por outro lado, estou curtindo a ideia de que homens tenham que passar pela dor “existencial” e mensal de ter que retirar os pelos com cera, ainda que os mais espertos já estejam recorrendo ao laser e  abdicando - definitivamente- de algo que outrora já lhes definiu como "machos". Talvez estejam mesmo querendo ser apenas homens... 


Ai que inveja dessa nova geração de mulheres super poderosas que ditam as regras do jogo !   ...............Mas será que elas têm consciência , de que o poder do qual desfrutam hoje , advém de batalhas seculares de suas predecessoras que , muitas vezes, pagaram preços altíssimos para deixar tal legado à posteridade  ? 


sábado, 16 de julho de 2016

Sobre Loucos e Tudo...


Estou fazendo uma revisão anual de vida. É , eu sei, ainda é julho , mas não gosto de deixar para  dezembro e passar o fim de ano deprimida como quase todo mundo. 

É muito mais prático deprimir-se agora, sem a chance de ir parar no fundo do poço com  aquelas propagandazinhas piegas de fim de ano, filmes de natal , festinhas de amigos secretos socialmente condenáveis (que, aliás, para ousar manter algum vestígio de sanidade, já optei por não participar há muito tempo...).Sou muito observadora e certos comportamentos sociais jamais consegui entender . Aquela loucura toda de fim de ano é realmente de enlouquecer até os mais saudáveis.

Ok. Tudo bem. De perto realmente ninguém é normal. É mais ou menos como quando se pinta um quadro: se você observar de muito perto , é só um monte de  borrões esquisitos mesmo, mas se você se distancia, consegue ver que aquilo faz algum sentido e compõe toda a paisagem/imagem, que passa a ter significado e se descortina à sua frente.

Mas há categorias de pirados a serem consideradas: os muito loucos, também conhecidos como psicopatas ( embora nesta categoria também estejam os clientes da psicanálise e usuários -compulsivos- de certos remedinhos: sonho de consumo de muita gente dita “normal”, também conhecidos como “loucos de pedra”....ou esta seria uma classificação da próxima categoria....não sei...  )  ; os loucos  de balada (os talvez tecnicamente “loucos de pedra”) ;os loucos eventuais e , ainda, os chamados “fronteiriços” , oscilando à beira do abismo.

Bem, a questão é que nem todo mundo sabe, ou quer saber, em qual categoria se enquadra. Mas há um jeito muito prático de descobrir : analisando suas manias. Mania: "...do grego μανία(estado de loucura) (...) Para a  Psiquiatria, o distúrbio mental caracterizado pela alteração de pensamento, com alteração comportamental dirigida, em geral, para uma determinada ideia fixa e com síndrome de quadro psicótico grave e agudo, característico, embora não exclusivo (mania secundária), do Transtorno ou Distúrbio Bipolar e se caracteriza por grande agitação, loquacidade, euforia, insônia, perda do senso crítico, grandiosidade, prodigalidade, exaltação da sexualidade e agressividade".

Porém, na concepção popular, manias são apenas “hábitos esquisitos” que não  interferem na vida pessoal ou social do indivíduo.  Mas é aí que está o perigo. Uma coisa é não passar debaixo de escadas (eu passo, numa boa...), outra , é retirar catota do nariz(Rinotilexomania) e comer, por exemplo...ARGH!

Bem, pode piorar...

Mil vezes ARGH !!!
Embora às  vezes seja apenas alarme falso:
Ou ainda: espalhar boatos infundados de colegas de trabalho, tencionando prejudicá-los junto a outros colegas por puro medo, imaginando defender-se de algo ;  juntar-se a colegas de trabalho (igualmente mal intencionados) para tentar derrubar algum(a) outro(a) colega (por motivos idem) ; espalhar objetos religiosos à sua volta, tentando forjar uma falsa imagem de piedade religiosa enquanto pratica toda a sorte de maledicências ; tentar parecer aos olhos públicos um ser  de uma “bondade” que não se tem nem se é ...

Enfim, de santo, poeta , médico e louco,  todos temos um pouco, já dizia o ditado popular aqui ampliado.


Bem, falando-se em  manias, também tenho as  minhas ; mas penso que : não comer a bundinha do pão de fôrma ( a menos que só tenha sobrado ela...aí eu como...) e  só conseguir dormir com a ponta do cobertor em cima do rosto , não prejudicam ninguém. Tudo bem que se o cobertor não for grande terei problemas e -  gente !– por que é que a porra da bundinha casquenta do pão tem que vir na sacola? Já não basta a casquinha das laterais ???

...Como se vê, minha loucura, ao menos até aqui, está perfeitamente controlada. Eu acho...


Mary Lúcia Oliveira.



domingo, 10 de julho de 2016

Bode Expiatório.



Em tempos imemoriais em que ler era prerrogativa de poucos , a imagem seria um recurso altamente consistente e , recorrer então a símbolos tão significativos,  garantiria uma extensa  compreensão ; o que hoje conseguimos fazer com um simples texto...


“No primeiro aeon,eu era o Grande Espírito
No segundo aeon,Homens conheceram-me como o Deus Chifrudo, Pangenitor Panphage
No terceiro aeon,Eu era o Nigérrimo,o Diabo
No quarto aeon,os Homens não me conheciam,porque eu sou o Escondido
Neste novo aeon,Eu apareço ante a ti como Baphomet
O Deus anterior a todos os Deuses,aquele que perdurará até o fim daTerra.”
( Peter J. Caroll: Liber Null Psychonaut).

Gostaria de me definir como uma criatura corajosa , entretanto , coragem não é o que precisamente me define. Mas sou muito curiosa, e essa procura nata em saber, em conhecer, tem me levado a situações em que a coragem que me falta esteja sendo naturalmente substituída  pela curiosidade e , ao final e ao cabo, flertando com a coragem que só o conhecimento pode trazer. Às vezes,o assustador é apenas o ignorado;ou o não sabido, ainda. O desconhecimento pode agigantar o medo e impedir o crescimento.

Dogmas ,ideologias e preconceitos, sempre contaram com este medo para continuarem existindo. O medo e o desconhecimento construíram ,inclusive, grandes religiões... É o que acontece , por exemplo, com a figura aterrorizante do diabo ou  "o maligno" ,  presente em quase todas as culturas e crenças religiosas. Embora pareça um contrassenso , retire o demônio da maioria das religiões e você terá acabado com todas elas.

Em nossa sociedade, hoje e sempre, quando se objetiva destruir algo ou alguém, por vezes basta demonizá-lo, associando-o , especialmente com frequente repetição, à figura do "coisa ruim".  Aliás, a "morada do capeta",  ou o inferno , por exemplo, parece ser coisa séria em todas as culturas , pois todas as religiões têm o seu inferno particular. Para os antigos gregos,era o tártaro (pior região do hades, o mundo do além). Os hebreus chamavam-no de gehenna.  Os muçulmanos ,até hoje ,referem-se a ele com uma palavra parecida: jahanna. No hinduísmo, inferno é naraka - termo usado também no budismo, mas com outra acepção: a de "seres infernais". 

E foi assim, tentando desconstruir o "coisa ruim" em minha vida, que me deparei com uma figura mitológica : Baphomet. Em outros tempos, teria não apenas me tirado o sono como me impactado bastante e negativamente.  Criatura altamente simbólica, com cabeça de bode e corpo  humano, apresentando tanto características femininas quanto masculinas ,simbolizando na verdade o bem e o mal,  luz e  trevas,  céu e  terra,  feminino e masculino.

Por apresentar chifres,como a imagem fabricada por várias religiões para a figura do diabo,personificação religiosa para o mal, Baphomet é erroneamente associado ao demônio, inclusive pelos satanistas ; o que também acabou por desprestigiar as ciências ocultistas com tais associações. Para a maioria das pessoas- influenciáveis ora pela religião, ora por hollywood ; quiçá  por ambas - tal figura acabaria parecendo  mesmo apavorante. Entretanto, sem a ameaça do comparsa  religioso ,“o diabo”, e as profundezas de seu inferno, não haveria a necessidade da religião e as pessoas passariam , de fato,  a se desenvolverem espiritualmente e até materialmente, além de não confundirem uma figura como Baphomet a algo tão negativo... 

Mas há controvérsias quanto à sua origem. Textos do século X já mencionavam as características dessa figura enigmática, além de estar relacionado com muitos deuses pagãos das mitologias e lendas do Egito, dos Celtas, Índia, Grécia, dentre outras.

Na verdade, Baphomet é muito mais que um aglomerado de crenças seculares estapafúrdias e propositalmente aterrorizantes. Remontando sua história à época das cruzadas e , portanto, à aparente origem difamatória do mito “demoníaco”, percebe-se o real motivo por  que tal figura tenha sido associada às "forças malignas" .

Depois que os muçulmanos conquistaram a Palestina, a ordem dos cavaleiros templários (  cavaleiros de Cristo) e a Ordem de Malta ( Cavaleiros Hospitalários) -  fundadas durante as Cruzadas para defender os cristãos na Terra Santa  e que haviam se tornado extremamente ricos - acabaram retornando para a Europa com seus bens . O rei Filipe IV da França, extremamente perdulário e arrastando-se em dívidas (devendo inclusive aos próprios templários) , por sua vez, viu neles uma mina de ouro, e usou o papa Clemente V(que se permitiu usar pois só chegou ao papado por meio dos conchavos com este rei) para conseguir o que queria. E assim, para se apossarem dos bens dessas ordens, graças às falcatruas do rei, Clemente V intimou os líderes dessas duas ordens para responder a uma lista de falsas acusações, que incluíam : blasfêmia,  prática de paganismo (adoração a baphomet  ou “o bode”), cuspir na cruz, negar Cristo etc. Jacques de Molay, o grão-mestre templário, foi o primeiro a se apresentar, seguido de Foulques de Villaret, grão-mestre dos Hospitalários; que foi mais “esperto” , desembolsando uma fortuna como propina para se safar, acusando de Molay de comandar uma ordem satânica; provavelmente já tudo acertado com o rei e Clemente V, que precisavam dessa associação da ordem ao “maligno” para justificarem seus atos. O grão-mestre dos templários, por outro lado, em vez de ceder também e se vender, optou por manter sua integridade , declarando-se  inocente. Ao fim, a organização foi extinta, seus bens usurpados, vários membros foram capturados e muitos foram queimados na fogueira como hereges, incluindo de Molay. Segundo especulações , os membros que escaparam , acabaram dando origem a várias sociedades , desde então, secretas(hoje mais discretas que secretas), já que sempre haveria o medo de serem descobertos e considerados novamente como traidores.

Mas onde entra  Baphomet ?

Bem, o nome “Baphomet”, remontando então aos Templários ,  deveria ser soletrado  ,   cabalisticamente , de trás para frente  e , nesse sentido , observa-se que é composto de três abreviações:  tem.    ohp.   AB.  , ou  " Templi omnium hominum pacts abbas" -  “o pai do templo da paz de todos os homens”.  Arkon Daraul, um autor e professor da tradição Sufi e de magia, argumentou que o nome Baphomet veio da palavra árabe Abu fihama , que significa "O Pai do Entendimento".  Já no sistema cabalista de criptografia judeu chamado Atbash, que foi usado na tradução de alguns dos manuscritos do Mar Morto, quando  aplicaram esta cifra na palavra Baphomet , obteve-se:   “ Shin-Vav-Pe-Yod-Aleph" , sendo esta transposta para a palavra grega "Sophia", que significa "conhecimento/sabedoria " , "sabedoria divina",  sendo  também  sinônimo de "deusa”.

Segundo algumas sociedades secretas/discretas , Baphomet atua  no mundo trazendo o equilíbrio para os seres humanos , pois temos o lado positivo e negativo, e devemos estar em perfeito equilíbrio espiritual , emocional e psicológico . Já quanto sua simbologia imagética, podemos identificar ainda toda uma gama de conhecimentos simbólicos , herdados de inúmeras culturas através dos tempos : 

   Comecemos por sua cabeça. Sua imagem , apesar de aparentemente tosca e animalesca, representa os três princípios da Alquimia .Com características de chacal, touro e bode,as representações são:os chifres             ( cornucópia -" cornu copiae"=chifre da abundância) , simbolizando  sabedoria, virilidade e abundância, além de  também representarem   as duas colunas na Árvore da Vida, sendo o fogo o equilíbrio entre elas e a imagem da alma elevada acima da matéria  . O chacal simboliza o deus Anúbis  e também o “Mercúrio dos Sábios”. O Touro representa o elemento terra e o “Sal dos Filósofos”.Já o bode,representa a natureza animal e pecaminosa do homem, suas tendências egoístas e seus instintos mais básicos ; embora parte necessária da natureza dualista do ser humano, na qual o animal e o espiritual (simbolizado pela tocha incandescente  ou “luz divina” em sua cabeça)devam se unir em harmonia. Tal tocha ou luz , representaria ainda a iluminação e sabedoria/inspiração divinas.

A lua branca representa a magnanimidade de Chesed (Júpiter) e a lua negra o rigor de Geburah (Marte). O pentagrama em sua  testa(com a ponta para cima! ), é um símbolo de proteção e da magia, e representa Netzach (Vênus). As pernas cruzadas, associadas ao cubo,  representam Malkuth.

 As inscrições dos braços :  “Solve” no braço que aponta para cima e “Coagula” no braço que aponta para baixo, significam : Solve= “dissolver a luz astral” e coagula = “coagular esta luz astral no plano físico” , ou seja, tudo que você desejar e mentalizar no plano astral irá se manifestar no plano físico.  A posição desses braços (um para cima e outro para baixo) remete à “tábua esmeralda – Hermes Trismegistus”  ou  “Tudo o que está acima é como o que está abaixo”, ou ainda,   “Assim na Terra como no Céu” , podendo também ser feita  uma associação à carta do tarot  “ o mago”.

 As escamas da  imagem simbolizam o domínio sobre as águas ou, como no tarot , as emoções. Já as asas , o domínio sobre o Ar ou a razão. As patas de bode, domínio sobre a terra  ou o material , além da escalada espiritual. O fogo dos chifres , representando o domínio sobre este fogo. 

Os seios, tornando esta criatura andrógina ou hermafrodita , representam a maternidade e a fertilidade, simbolizando ainda o fato de que a alma não possui sexo e , estando a imagem em parte coberta e em parte vestida , a representação clara é a de que o corpo não esteja apenas no  plano material (simbolizado pelas roupas), mas , que por baixo desta matéria, também esteja presente seu espírito ( simbolizado pela parte nua). Baphomet está ainda sentado sobre o cubo; sendo este e o número 4 , também representantes do plano material. Estar sentado sobre ele simboliza ainda o domínio sobre este plano material.

 O falo desta criatura andrógina é a representação do Caduceu de Hermes, simbolizando o acionamento  da Kundalini e as energias sexuais ativadas, a virilidade e  o despertar  dos chakras.


Em suma, a integral representação de Baphomet,  alude também à figura da esfinge  (do grego sphingo = estrangular... "decifra-me ou te devoro" ) , a qual  imponente e , para alguns , assustadora;  guarda os portais iniciáticos, pelos quais os não-buscadores jamais passarão. 

Desconhecer e temer tal figura por pura ignorância dos fatos  , não procurando pelo conhecimento que edifica e liberta de atavismos históricos e preconceituosos , não é muito sábio. Mas  tal iluminação iniciática  jamais será para os covardes ... Baphomet parece que  seguirá afastando e repelindo o covarde  e o desconhecedor ...

domingo, 3 de julho de 2016

" São tantas emoticões..."

       

                                       


De repente, emoção virou emoticon. E não,isso não é tradução, mas substituição !


Não precisamos mais temer sermos delatados pela emoção impressa nas palavras ditas em uma comunicação telefônica  que , vamos combinar, já impunha uma certa distância entre duas pessoas ; embora ainda guardasse o consolo da voz.

Agora, mini rostos amarelos ou carinhas formadas por dois pontos e um parênteses, traços, barras, enfim , sinais gráficos ,formando expressões faciais humanas , passaram a substituir nossas emoções. É como se voltássemos aos tempos das cavernas , quando  não tínhamos ainda o recurso da linguagem e precisássemos desenhar  signos para sermos entendidos. Parece que as paredes das cavernas foram substituídas pela tela do computador, celular, tablets...


Os famosos emoticons que usamos em mensagens e bate-papos também estão ligados à Pareidolia (...  fenômeno psicológico comum em todos os seres humanos, conhecido por fazer as pessoas reconhecerem imagens de rostos humanos ou animais , por exemplo, em : objetos, sombras, formações de luzes e em qualquer outro estímulo aleatório visual e até sonoro ) . Além de detectarmos um rosto, também podemos sentir as emoções que o desenho nos transmite. Seres humanos são programados para identificar rostos como uma técnica de sobrevivência, desenvolvida durante o processo de evolução humana. Homens e mulheres pré-históricos, por exemplo, poderiam perecer caso não reconhecessem seus inimigos. 



... Ok, OK ! Mas nossos ancestrais pré-históricos ainda tinham o gesto, o toque , o  olhar... 
 ... e nós ?



Regredimos? Talvez ...ou não... Mas o fato é que, na correria de nosso dia a dia , muitas vezes precisamos lançar mão de facilitadores comunicativos como estes, embora, como em tudo na vida, haja perdas e ganhos. 

Nessa nossa nova "rede de afetos" , conectar será sempre fácil , mas o maior atrativo da rede em comparação com as relações de antes parece ser mesmo  a facilidade de se desconectar. Você não precisa mais suportar conversas intermináveis por pura educação ou  conviver com as emoções reais de quem está do outro lado da linha ; embora possa parecer que sim, utilizando-se dos sinais gráficos apropriados para fingir que se importa ou por não ter tempo para se importar, "importando-se..." Afinal, as "carinhas" podem falar (ou mentir educadamente) por você... 


Mas você ainda pode optar por, vez por outra ,  expor-se, arriscando-se  ao apavorante ato de ouvir a voz do outro lado da linha e , inevitavelmente, ser traído(a) pela própria voz, embargada pela emoção. . .

"Eu preciso falar com alguém.Não apenas alguém. Você".

Mary Lúcia Oliveira