expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

Colunista:

Colunista:

segunda-feira, 13 de março de 2017

Maria, a Deusa Tríplice , ou de Como Somos Todos “Pagãos”.



 Sabe aquele povo evangélico que chuta imagens , como a da “Virgem Maria”, por exemplo ; ou ainda , aqueles outros , que tacham  esses primeiros como contrários à mãe de Deus ? Pois é, é tudo a mesma coisa .Duas faces de uma mesma, velha e gasta moeda !


Numa sociedade  que , em sua maioria, ainda se divide entre  cultuadores e  não-cultuadores da “Virgem  Maria" , digamos assim,   não seria muito fácil inserir evidências , por exemplo, de um possível plágio ou de uma assimilação  , no mínimo cultural- para não dizer religiosa - da figura arquetípica da Deusa (Maria ou a Tríplice Deusa).


 A deusa tríplice  ou triforme,  antecessora  e inspiração para a criação do mito cristão da “Virgem  Maria” ou Nossa Senhora em suas várias formas , assimilada pelo cristianismo, entre outros credos ; apesar de ter sua “originalidade” reivindicada por cristãos , é observada em muitas lendas de vários povos antigos “pagãos”, incluindo os celtas .

*


Afinal, quando terá o ser humano, começado a imaginar o mistério maior como sendo algo trino? Mesmo dentro do mais crasso politeísmo a ideia da unidade e da trindade divinas parecem ter sido uma constante nas culturas antigas. Antes que os deuses e deusas se manifestassem como poderes individualizados,  a divindade ,originalmente,manifestou-se trinitariamente.Desta forma,  tanto o Deus quanto a Deusa são vistos como figuras trinitárias, dos quais os demais seriam  manifestações de atributos destes...

Desde sempre , em remotas eras,  os homens têm concebido uma “Grande-Mãe” que zela pela humanidade lá do céu ou do olimpo dos deuses. Este conceito é encontrado em todas as religiões, povos e suas  mitologias, possuindo essas grandes mães várias similaridades entre diferentes povos, em todos os tempos e culturas.Tal ocorrência é  explicada - segundo C. G. Jung  -  pelo fato de todos estes mitos representarem uma realidade psicológica (e não exatamente religiosa) , percebida como uma imagem surgida do inconsciente e projetada para o mundo exterior, tomando a forma de um ser divino. Ainda segundo Jung , as deusas são princípios dotados de forças que funcionam separadamente da vontade consciente do homem e à cuja ordem ele deve curvar-se. Assim, a chave promovida pela  deusa tríplice abre muitas portas que dão acesso às camadas mais profundas do nosso ser.

Além dos celtas, a mitologia grega nos fornece a maior representação ou fonte de consulta sobre as deusas ( ou talvez a mais próxima no tempo), como sua representação da deusa tríplice,correspondendo às três fases da lua e simbolizadas por  :  Ártemis (que encerra a Lua),  Selene (Lua Cheia) e Hécate (Lua Minguante), revelando-se  em três níveis e nos três domínios do mundo e da humanidade, assim como o homem também é tríplice tendo corpo, alma e espírito.

Deste modo , essas três facetas da deusa  são vistas como correspondentes a esses planos tanto do microcosmo do ser humano (corpo, alma e espírito) quanto do macrocosmo, igualmente tríplice : céu (o reino urânio),  superfície da Terra (e  Mar) e nas profundezas da terra (o reino Inferior ctônico) ; assim como “o reino do tempo” tem igualmente três “conhecidas” dimensões: passado, presente e futuro.



A Deusa tríplice , também em suas três faces : jovem, senhora e anciãtomou diversos nomes em várias culturas mundo afora e o conceito mais famoso é o das deusas greco/romanas, simbolizando a tripla imagem da Mãe original. 



Deusa Hécate - de onde provavelmente terá surgido o formalismo dos deuses de braços múltiplos tipicamente hindu .



Em sua forma mais severa , a deusa da lua  é "Hécate",  associada ao próprio inferno grego, senhora da noite mais escura e dos reinos mais misteriosos. Hécate espalhava benevolência entre as pessoas, concedendo graças a quem as pedia. Dava prosperidade material e política, vitória nos jogos e batalhas, peixe abundante para os pescadores e gado saudável para o pastoreio. 

No Gênesis original , o espirito divino pairava qual uma grande ave incubadora sobre o mar envolto em trevas... Símbolo da maternidade divina, a noite , quando associada à Deusa (representada com seu signo lunar - a lua em uma de suas fases) ,  simboliza o grande mistério da geração da vida de onde todos viemos e para onde voltaremos.

As bruxas da era homérica recorriam a Hécate quando queriam fazer seus sortilégios . É ainda a ela a quem  a experiência e o tempo conferem suas dádivas , sendo uma deusa muito importante na bruxaria ou "wicca" até hoje , cujas práticas ritualísticas ainda adotam os deuses originais greco-romanos em seus cultos.

Ela representa a anciã repleta de sabedoria ancestral  (embora o machismo, as igrejas e hollywood a tenham transformado - por meio do estereótipo da bruxa má ou do mal - em vilã) mas que já não necessitava encantar pela beleza de sua porção jovem ou pela sexualidade de sua face senhora. 

Hécate reinou e ainda reina soberana no tempo,através de sua sabedoria e enorme poder,  por meio de suas "cópias" : ora santas, ora bruxas... 


      
     N. Senhora da Imaculada Conceição


            Um detalhe aqui , outro ali. Uma  lua   em cima , outra embaixo, aos pés...
Manifestações trinas...À cada assimilação por uma outra religião : perdas, manutenções  e               acréscimos  de detalhes, mas sempre o mesmo apelo ao arquétipo da deusa...

Santíssima Virgem Maria


               

Mary Lúcia Oliveira



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.