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Colunista:

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sábado, 26 de dezembro de 2015

Limbo Etário


Na Grécia antiga ,a velhice era representada pelo deus ou demônio , chamado Geras, parceiro de Thanatos(a morte). Geras detinha   poder sobre os mortais  e  influenciava  em suas relações com os deuses, como no mito de Apolo e  Marpessa:  Apolo (o belo e irresistível deus da juventude); Marpessa(princesa mortal de extraordinária beleza ) que recusou casar-se com  Apolo para não correr o risco de que ele a abandonasse quando chegasse  a velhice.





Na Grécia e no mundo de hoje,
já conseguimos  driblar Geras e adiar o encontro com Thanatos . . .










(. . . )



Enfim, você se cuida. Cuida da alimentação , faz exercícios , bebe bastante água, cuida da mente , do espírito ;  e ainda consegue fazer  isso sem muito sofrimento. Você fez e faz tudo  mais ou menos certinho e...   ... realmente funcionou : você chegou aos quarenta , de fato, com tudo relativamente   “em cima”. É motivo de espanto, tanto para os amigos quanto para os que vierem a conhecê-la. Ok, tudo bem, amigo não vale; mas o espanto alheio é  bastante convincente quando mencionada sua idade.Aparentemente, você  ganhou ,”chegou lá” e bem. 






Mas (sempre haverá um mas...), se ao “chegar lá” você chegou acompanhada (embora sozinha neste propósito de se cuidar...), dentro de um relacionamento estável e relativamente feliz , quase sempre terá de lidar com a insegurança do parceiro , além de poder vir a ser  presa fácil das consequentes ideias de dissonância que vão lhe invadir vez por outra , de não estar em sintonia  com este ser , por vezes , tão divergente e , provavelmente, com metas  e formas de ver a vida tão diferentes de si mesma ( e que  ocasionalmente se refletem na aparência desse ser ... ). 

Ou seja, a chance de separação será , provavelmente , grande ; afinal , o que mantém um casal unido não é –ou deveria ser – uma certa sintonia?





No entanto, se você “chegou lá”  sozinha -  de bem consigo mesma e sozinha (livre)  -  seus infortúnios  serão tão relevantes quanto.




Mas qual o problema , então ? Afinal,  o assédio masculino não só continua como tende a aumentar , já que você está mais madura e segura de si...



Bem , o problema é que você passa a viver em uma espécie de  limbo etário : jovem ainda para  se ver ao lado do velho ogro machista , ao qual a sociedade permite a cômoda decisão de não se cuidar e , tecnicamente ,  velha demais ( noção implantada pela mesma  sociedade machista , a quem tudo permite ao macho e exclui à fêmea ) em relação  aos mais jovens por quem venha a ser paquerada . Você vira uma espécie de entidade mítica , vivendo em algo como um  limbo etéreo-etário, nada épico , flanando acima do bem e do mal . . .


.  .  .


Marpessa não deve ter chegado aos quarenta. Se chegou , já não era mais tão senhora de si como somos hoje . . .  


. . . mas não  ficar com  Apolo ainda terá sido uma boa decisão ( !  -  ? ) . . . 



Mary  Lúcia  Oliveira.




domingo, 20 de dezembro de 2015

Aos Preparados - Ou de Como Tudo Pode Não Ser Bem O Que É





Dia desses , ouvi alguém fazer um comentário maldoso acerca de um desses programas religiosos de TV. Que estejam  todos dentro do esquema capitalista , “vá lá...” , mas daí a achar que uns detêm  mais a verdade religiosa que outros é , para dizer o mínimo, ridículo , afinal , o fiel terá sempre que acreditar em  dogmas ( e portanto algo que não se pode provar)  e participar de algum ritual.

Sinceramente , não consigo ver grande  diferença entre o sacrifício humano dentro de rituais  religiosos  de tempos remotos  e  os rituais  ( sim , são rituais também ! ) dentro de uma missa , culto , giras, sessões mediúnicas e outros tantos...  Em uma  definição dicionarizada  para ritual:  “...ritual é um conjunto de gestos, palavras e formalidades, geralmente imbuídos de um valor simbólico, cuja performance é, usualmente, prescrita e codificada por uma religião ou pelas tradições da comunidade.”  Ou seja, desde o sacrifício imposto às virgens por uma boa colheita , não mudamos tanto assim ; apenas tornamos o ambiente religioso um tanto mais asséptico ...   ...  aquele sangue todo devia dar muito trabalho para limpar depois...

Isso lhe parece cruel , caro(a) leitor(a) ? Não , são apenas os fatos , sem máscaras , disfarces  ou embustes. Mas eu sei , é muito difícil aceitar verdades para as quais estamos sendo treinados a boicotar desde sempre, entretanto, você está preparado(a) para , ao menos , escutar  vozes diferentes , que podem , inicialmente, serem dissonantes da “realidade” que te apresentaram desde há muito ?  Está? Será ? 

Bem, então ,  quero lhe fazer um convite , nobre leitor(a) ! Vamos brincar de  “e  se ...?”

E se daqui a alguns anos formos considerados  tão místicos e atrasados como os “bárbaros” de tempos remotos , cuja religiosidade baseava-se em  sacrifícios , práticas e crenças  hoje consideradas ultrapassadas?

Para começarmos ,e  se  pegarmos, por exemplo ,um grande  nome  cristão -  Jesus - e , ao menos , aceitarmos uma discussão acerca de sua real existência, como ser mítico  e , de repente, esbarrarmos em estudos sérios (a teoria do mito de Cristo - também conhecido como Jesus mítico ou a hipótese da inexistência de Jesus) que mostram que a figura de Jesus de Nazaré , provavelmente, não tenha sido de fato uma pessoa histórica , mas sim,  um personagem fictício ou mitológico , criado pela comunidade cristã primitiva ?

Os proponentes desta tese ; os  pensadores do Iluminismo francês,  Constantin-François Volney e Charles François Dupuis na década de 1790 ; Bruno Bauer e Arthur Drews, no século 20 e mais recentemente, GA Wells, Alvar Ellegård e Robert M. Price , tendo a ideia ganhado a  atenção do público moderno por meio de autores como:Richard Dawkins, Christopher Hitchens e o filósofo francês Michel Onfray , alegam que textos , ocorrências ou frases associados com a figura de Jesus no Novo Testamento podem ter sido elaborados a partir de uma ou mais pessoas que realmente existiram, mas que nenhum destes  poderiam ser considerados  como  fundadores  do cristianismo. Os estudiosos envolvidos neste estudo buscam evidências de um Jesus histórico  -  e não apenas de uma figura mitológica – pois acreditam que sua existência poderia ser comprovada por meio de documentos ou outras evidências mais substanciais . Exatamente por isso , muito do material acerca de Jesus no Novo Testamento carece de comprovação factual e , segundo os estudiosos, não deve ser levado ao “pé da letra”.

Os argumentos utilizados por estes pesquisadores   para apoiar a teoria  enfatizam a ausência de referências  sobre a vida de Jesus que não sejam as  cristãs no século I, e ainda ,que o cristianismo possa ter surgido  organicamente do judaísmo helenístico , baseando-se (quase uma cópia) em paralelos do Jesus histórico com os deuses gregos, egípcios entre outros, especialmente aqueles que possuem mitos sobre a morte e ressurreição...”  Pois é, parece que ouve plágio religioso , minha gente !

Vejam isso:

Tamuz: deus da Suméria e Fenícia, morreu com uma chaga no flanco e, três dias depois, levantou-se do túmulo e o deixou vazio com a pedra que o fechava a um lado. Belém era o centro do culto a Tamuz.
Hórus - 3000 a.C.:
Deus egípcio do Céu, do Sol e da Lua.Nasceu de  Isis, de forma milagrosa, sem envolvimento sexual.Seu nascimento é comemorado em 25 de dezembro.Consta que ressuscitou um homem de nome EL-AZAR-US ( não lembra Lázaro?)
Um de seus títulos é "Krst" ou "Karast".Lutou durante 40 dias no deserto contra as tentações de Set (divindade comparada a Satã). Foi batizado com água por Anup e era representado por uma cruz.
A trindade Atom (o pai), Hórus (o filho) e Rá (comparado ao Espírito Santo).
Mitra - séc. I a.C.:
Originalmente um deus persa, mas foi adotado pelos romanos e convertido em deus Sol, era o intermediário entre Ormuzd (Deus-Pai) e o homem. Seu  nascimento é comemorado em 25 de dezembro.Nasceu de forma milagrosa, sem envolvimento sexual. Pastores vieram adorá-lo, com presentes como ouro e incenso,                                                                          
e   viria livrar o mundo do seu irmão maligno, Ariman.
 Era considerado um professor e um grande mestre viajante .
 identificado com o leão e o cordeiro.
Seu dia sagrado era domingo -"Sunday" -  "dia do sol", centenas de anos antes de Cristo e  sua festa era no período que se tornou mais tarde a Páscoa cristã. Também possuiu  doze companheiros ou discípulos , além de igualmente  executar milagres, tendo sido  enterrado em um túmulo e após três dias ressuscitado, sendo comemorada tal ressurreição a cada ano.
Átis (Frígia / Roma) - 1200 a.C.:
Também nasceu a  25 de dezembro , de  uma virgem. Tendo sido  crucificado  e ressuscitado ao terceiro dia  também.
Buda - séc. V a.C.:
Sua missão de salvador do mundo foi profetizada quando ele ainda era um bebê. Por volta dos 30 anos inicia sua vida espiritual. Foi impiedosamente tentado pelas forças do mal enquanto jejuava.Caminhou sobre as águas (Anguttara Nikaya ). Ensinava por meio de parábolas, inclusive uma sobre um "filho pródigo". A partir de um pão alimentou 500 discípulos, e ainda sobrou (Jataka). Transfigurou-se em frente aos discípulos, com luz saindo de seu corpo. Após sua morte, ressuscitou (apenas na tradição chinesa).
Baco / Dionísio - séc. II a.C.: (Deus grego-romano do vinho).Nascido da virgem Sémele (que foi fecundada por Zeus).Quando criança, quiseram matá-lo.Fez milagres, como a transformação da água em vinho e a multiplicação dos peixes. Após sua morte, ressuscitou. Era chamado de "Filho pródigo" de Zeus.
Hércules - séc. II a.C.:
Nascido da virgem Alcmena, que foi fecundada por Zeus.Seu nascimento também é comemorado em 25 de dezembro. Foi impiedosamente tentado pelas forças do mal (Hera, a ciumenta esposa de Zeus).Sua esposa ,  causadora de sua morte.arrepende-se  e se mata enforcada. Em sua morte ,momento no qual ocorre um terremoto e um eclipse do Sol,  estão presentes: sua mãe e seu discípulo mais amado (Hylas).Ressuscita e ascende aos céus.
Krishna - 3228 a.C.:
Um avatar do Deus Vishnu ( avatar: uma espécie de  personificação ou encarnação de um deus). Igualmente , nasceu de uma virgem, Devaki ("Divina")  no dia 25 de dezembro. Uma estrela  também avisou  sua chegada. É a segunda pessoa da trindade e também foi perseguido por um tirano que promoveu o massacre de milhares de crianças. Da mesma forma , fez milagres e ,em  algumas tradições , morreu em uma árvore, tendo ressuscitado após a morte.

Enfim , chocado ? Perplexo com tantas  “ coincidências  biográficas “  ? Prefere não pensar sobre o assunto ? Bem , a escolha é de cada um . Mas , segundo os defensores de "O Mito de Cristo", isto prova o quanto os  autores dos Evangelhos, ao escreverem as histórias de vida de Jesus, tomaram emprestados relatos e feitos de outros deuses antigos ou heróis. Como sociedade , fazemos isso ainda  hoje. Até as constituições dos países tomam emprestadas as experiências ou as leis de outros ao conceberem suas próprias leis...

Muitos ainda podem dizer: “ Ah ! Mas há relatos históricos sim !  E  o historiador Flávio Josefo, por exemplo  ? “   Bem , embora sejam muito  frequentemente citados  como  evidência  da passagem de um Jesus histórico , historiadores antigos como: Flávio Josefo, Tácito, Suetônio e outros , possuem relatos advindos de outros relatos .Suas histórias são derivadas e , portanto, não originais. O mais antigo deles - Flávio Josefo - por exemplo, nasceu, no mínimo, cinco anos após a suposta morte de Jesus. Não há  testemunhos diretos dos fatos. Além disso, alguns parágrafos dos livros de Josefo são questionados, supondo-se que foram mais tarde interpolações cristãs. E  ainda, mesmo os  antigos relatos não-cristãos de Jesus foram escritos quando o Cristianismo já estava  generalizado.



Bem, ainda há os mais radicais que sequer aceitam a existência de um Jesus (homem) ao qual foram acrescentados feitos míticos ,  afirmando  que Jesus simplesmente não existiu,  ou uma outra corrente que diz que Jesus seria um extraterrestre. Contudo , antes de rolar de rir , leia  na bíblia “ EZEQUIEL -cap. I”   e tente colocar-se  na pele do personagem que tem a “visão do carro divino”. Se você estivesse lá , naquele momento,  e visse um suposto extraterrestre , você, que não conhecia  luz , motores, energia de espécie alguma , não teria descrito a visão de um suposto ovni de uma forma muito parecida ,  como se estivesse tendo uma visão divina , como a descrita pelo personagem bíblico em questão ?




..........Mas , e você Mary , o que acha ? 
Bem, não sei ao certo . 
Euzinha fui criada na culpa católica 
e já faço muito em tentar deixar minha mente aberta...



E só para complicar um pouquinho...


Mary  Lúcia  Oliveira.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Bônus Track - Um acréscimo ao texto anterior ...




... eu não me perdoaria por não fazer este acréscimo:

Esqueci-me de dizer: é muito comum algumas pessoas imaginarem que fumar poucos cigarros ou até mesmo apenas um  por dia não viria a fazer mal. Apesar do risco não ser o mesmo que o de uma pessoa que fume um maço por dia, você já pode ser considerado um fumante. Cada único cigarro contém mais de 4.500 substâncias químicas, muitas delas cancerígenas e tóxicas. Expor–se a elas será sempre nocivo.Não importa o quanto se fume; fumar pouco ou apenas conviver com fumantes provoca danos à saúde. Assim, apesar de se considerarem fumantes "leves", quem fuma até quatro cigarros por dia (veja bem este até significa de 1-inclusive- até 4 ) também tem maior risco de desenvolver doenças cardíacas, vasculares, respiratórias e vários tipos de câncer - especialmente o de pulmão.

E tem mais:

Segundo pesquisa feita por  Stephen S. Hecht, do Centro Maçônico do Câncer e do departamento de farmacologia da Universidade de Minnesota em Minneapolis, em um boletim da Associação Química Americana , o cigarro começa a destruir o DNA do fumante poucos minutos depois que a fumaça é inalada, sugerindo que o hábito cause danos genéticos imediatos, rapidamente aumentando o risco de câncer em curto prazo.

Hecht e sua equipe relataram na revista especializada " Chemical Research in Toxicology" ,de janeiro de 2011  que,  durante a pesquisa, eles se concentraram em uma classe de causadores de câncer - encontrados na fumaça do cigarro- os chamados hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, ou HAPs. Os HAPs são conhecidos por causar danos ao DNA e por isso acredita-se que  tenham um importante papel na fase inicial do câncer de pulmão e , ao transformarem-se rapidamente no corpo em uma toxina conhecida, o HAP em questão começa a causar danos ao DNA do fumante entre 15 e 30 minutos depois da inalação da fumaça, rapidez essa que  surpreendeu a equipe de pesquisa. Conforme os pesquisadores relataram, "...a velocidade com a qual o ataque potencialmente letal ao DNA teve início foi comparável a injetar o HAP diretamente na corrente sanguínea do indivíduo".

É isso.


Mary  Lúcia  Oliveira.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Fumar , às Vezes , NÃO Mata...




A MEU IRMÃO.


Embora saiba que disfarçará por meio de evasivas a falta de coragem para ler isso.






Fumantes são seres com uma grande capacidade de autoiludir-se .Digo isso porque também fumei  por cerca de 10 longos anos , dos quais , em pelo menos 7 deles , tenha conseguido  deixar de me iludir - sempre  tentando parar de fumar- o que consegui há quase exatos 14 anos, oito meses e alguns dias . Sim, ainda conto e comemoro o tempo decorrido desde então.


E como ex-fumante, penso que ,  uma capacidade inventiva enorme de autoiludir-se,  talvez seja a melhor definição para um fumante inveterado pois , apesar do óbvio ululante: FUMAR É O QUE DE PIOR ALGUÉM PODE FAZER COM O PRÓPRIO CORPO, E TEM SÉRIAS CONSEQUÊNCIAS – TANTO A MÉDIO QUANTO A LONGO PRAZO - a maioria dos fumantes continua agindo como se isso fosse uma inverdade ou uma informação desnecessária , ou pior: reagindo com piadinhas sarcásticas que o impedem de enxergar sua real condição.

É preciso mesmo muita  imaginação para desconsiderar pesquisas acerca da relação câncer-tabaco  ; para ocultar de si mesmo a mensagem clara e direta das fotos de casos reais, veiculadas nos maços de cigarro; acreditar simploriamente que consigo será diferente  ou , simples e inadvertidamente , deixar-se  envolver  pelos falsos benefícios do cigarro como: distração , lazer , socialização.



Não são muitos os jovens fumantes hoje, embora persistam . Coincidência ou não , com a proibição da propaganda  de  produtos derivados de tabaco em revistas, jornais, outdoors, televisão e rádios de 2000 para cá, houve uma redução significativa no número de novos fumantes,  o que prova que  grande parte da adesão ao cigarro venha de fato de um apelo social ou de uma muleta emocional e social , oferecida pelo cigarro e induzida pela propaganda, que sempre fora associada a tudo que , falsamente, remetia ao bem-estar, beleza, glamour  e traquejo social .



Assim, é muito mais comum ver adultos ou  idosos , que  foram  expostos à influência
 social da propaganda do cigarro  , completamente enredados  ou autoiludidos
  em relação às consequências do cigarro.


Creio ainda que fumantes não possuam um bom raciocínio matemático ou quem sabe a nicotina tenha  inibido  essa função cerebral , sei lá... É muito comum ouvir argumentações do tipo :   “...Conheço fulano(a)com XX anos ,que fuma desde a adolescência e nunca teve nada...”  , fingindo não se lembrar ou não querendo fazer uma continha básica de que , décadas atrás , a vida não só era menos poluída  como o próprio cigarro ( ou fumo de corda) não apresentava toda a química que hoje  possui , além de preferir acreditar  que estes casos singulares e esporádicos  sejam mais emblemáticos que a estrondosa verdade da maioria, estatisticamente quantificada, vitimada pelo tabaco.

.........e neste exato momento , meu irmão mais novo , fumante inveterado desde os 12 anos de idade,  não consegue passar um dia sequer  sem que necessite de uma nova muleta:  um aparelho de inalação...  ...   “...Não , é claro que não pode ser nada grave  , é só o  tempo que está muito seco...” 




Caros e inveterados fumantes, amigos,parentes !

Encham-se de alguma coragem e vejam  isso :






...e desculpem a possível dureza dessas palavras.Não é fácil a sensação de estar perdendo a quem se quer bem e não ter muito o que fazer ...


Mary  Lúcia  Oliveira.


sábado, 28 de novembro de 2015

Jeito Bege



“Tava de boa” com meu jeito bege de ser.Completamente integrada e feliz com meus “tons pastel”.Vez por outra um amarelo um tanto intenso , um floridozinho discreto , um eventual preto ; algumas cores pálidas aqui  e ali , sempre discretas. Até havia um vermelho em algum ponto esquecido do armário , jazendo oprimido em um canto menos glamoroso do guarda-roupas.

Estava  deboinha  mesmo , até que uma amiga meio periguete (...é, meio periguete ou periguete de boutique ...Ih ! Difícil de explicar...) veio me dizer que eu andava muito bege, que me vestia de um jeito muito sem graça...

Na hora , não dei muita bola, porém, tempos depois , comecei a pensar no assunto.Decidi que ainda gostava do meu jeito bege de ser , entretanto , talvez  um pouquinho  de cor  viesse  a ser interessante.




De repente, encasquetei –me com o vermelho , como alguém que resolve , repentinamente, tomar um porre de cor... 




Mas não estava sozinha nessa...  Segundo a alquimia -  química praticada na Idade Média e que se baseava na ideia de que todos os metais evoluem até virar ouro  -  a cor vermelha também estaria  associada a rubedo , que  representaria  o quarto e último estado da alquimia, chamado de “a iluminação” e seria  precedido pelos estados:  nigredo (morte espiritual), albedo (purificação), e citrinitas (despertar).  Conforme Jung,  citado em “Anatomia da psique” de Edinger:   “...Na linguagem dos alquimistas, a matéria sofre até a nigredo desaparecer, quando a aurora será anunciada pela cauda do pavão (cauda pavonis) e um novo dia nascerá, a leukosis ou albedo. Mas nesse estado de "brancura", não se vive, na verdadeira acepção da palavra; é uma espécie de estado ideal, abstrato. Para insuflar-lhe vida, deve ter "sangue", deve possuir aquilo que os alquimistas chamam de rubedo ou  a "vermelhidão", da vida. Só a experiência total da vida pode transformar esse estado ideal de albedo num modo de existência plenamente humano. Só o sangue pode reanimar o glorioso estado de consciência em que o derradeiro vestígio de negrume é dissolvido, em que o diabo deixa de ter existência autônoma e se junta à profunda unidade da psique. Então, a opus magnum está concluída: a alma humana está completamente integrada.”



E nesse porre de cor... uma blusinha vermelha aqui, uma sainha vermelha ali, até chegar às raias do vermelho , resultado de um desatino de consumo; um quase ato falho : unhas e boca vermelhas !

 

                                            

Decadência total ! Moral ? Nãooo ! De estilo  e convicções mesmo ! É preciso um certo estofo   alguma competência para se estar , de uma única feita, toda trabalhada no vermelho : roupa , unhas, boca e intenções ...


...............Tempos depois, a mesma amiga disse para eu me controlar  em relação às minhas roupas... ..............Jamais dependa da coerência  de amigos !


“Grazadeus” , 
recuperei meus sentidos !

Bem, 
não sou uma criatura que opere bem no vermelho...


Mary  Lúcia  Oliveira

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Literatura - O Imponderável, o Real e o “Face” !






Reflexo de tempos “facebookianos”  e “selfiecescos”, estaria a literatura contaminada pela sociedade imediatista – hedonista – voyerista -  ou seria apenas vida, tecnologia e arte que seguem , juntas, construindo nossa identidade cultural, ressignificando padrões estéticos e comportamentais?
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Fonte da Imagem:







                               Fonte da Imagem:
             
                                                                   https://sociotramas.wordpress.com/2015/04/21/a-intertextualidade-em-obras-de-arte/                     


Temos uma necessidade  cartesiana de  nomear, qualificar, detalhar  e  medir o imensurável. Em literatura não é diferente, necessitamos demarcar no tempo as ocorrências literárias, por mais problemática que seja tal periodização no estudo desta . Quando professora, por exemplo, sempre fora   complicado explicar a meus alunos o período literário em que estaríamos inseridos. 

Desenhos : Pawel Kuczynski

Brincávamos que estávamos no período “facebookiano/selfiecesco/ultramoderno”. 
É bastante difícil opinar acerca daquilo que ainda se está vivendo, correndo-se o risco da parcialidade. Os historiadores, em geral, preferem denominar os períodos a partir de 30 anos após a época em que foram produzidos os textos ; daí a dificuldade natural de nomear um período enquanto se está nele. Igualmente complicado é saber a quantas andam as tendências atuais na literatura...  ... e na sociedade.


Desenhos : Pawel Kuczynski


Li recentemente uma matéria bastante interessante (perdoem-me...já não me recordo mais da fonte) acerca das tendências literárias no cenário brasileiro e global. Nesta, vários especialistas opinaram, chamando-me a atenção um enfoque baseado no livro : Contingência, ironia e solidariedade, de Richard Rorty, em que o autor fala de hermetismo e engajamento, partindo da premissa de que existem dois tipos de linguagem literária (linguagem transparente e linguagem complexa) e dois tipos de conteúdo literário (conteúdo subjetivo e conteúdo político);  sendo que livros de conteúdo subjetivo seriam os imersos na mente do sujeito e os  de conteúdo político aqueles  que tratam das questões sociais.

Segundo esta matéria  , já se poderia dizer que a tendência quase  dominante  hoje na literatura seria  a dos livros , tanto em prosa quanto em verso, de linguagem transparente e conteúdo subjetivo.

Traduzindo: livros que abordam a experiência cotidiana do autor, fazendo assim ,da crônica , o gênero literário do momento, dado  seu caráter realístico ,  podendo desdobrar-se em conto-crônica, em poema-crônica e até em romance-crônica ; além dos contos e romances autoficcionais , levando-se  em conta a verdade biográfica do ficcionista -  vista como um valor de autenticidade ,de natureza confessional,   autobiográfica, passando para o leitor a ideia de que ele esteja mergulhado  numa história verdadeira;  na vida real de uma pessoa de carne e osso - esquecendo-se o leitor , por vezes, de que estaria lendo um livro, podendo , inclusive , submergir numa ilusão compartilhada com o autor de que  o protagonista viesse a ser esse próprio autor. 

Esta tendência ou necessidade que algumas pessoas (hoje, aparentemente a maioria) têm de experienciar  o real , parece fazer  com que o leitor tenha  um esquecimento   momentâneo  de que esteja lendo um texto e sim  bisbilhotando , mergulhando na vida “real” de alguém, como ocorre nas redes sociais.





Fonte da imagem:


http://lounge.obviousmag.org/ligia_boareto/2015/05/24/facebook-curtir-e-nao-curtir.jpg

Desenhos : Pawel Kuczynski

 Presumivelmente , este apreço - por vezes  ingênuo - pela “realidade/verdade” é que estaria “salvando da falência a literatura brasileira”, bastando para tanto , segundo a matéria, vermos a lista de vencedores dos principais prêmios literários dos últimos  anos,  retrato dessa aparente tendência.

Já na poética, hoje, o verso que parece interessar não é aquele repleto de regras e cânones do passado. Agora , a poesia lida , em sua maioria, parece estar  sem grandes pretensões acadêmicas, sem firulas  elitisantes ,visto que não esteja sendo lida apenas por poetas , acadêmicos ou pesquisadores, mas sim, por  quem se interessa pela    existência cotidiana , acessível,  bem-humorada ,que pode ser “curtida” e comentada nas  redes sociais(porque entendida )  . O eu lírico parece ter cedido  lugar  à conversa descontraída, sem grandes explicações, bibliografias  ou notas de rodapé.  
  
Parece, enfim, haver um interesse exacerbado pela verdade do real, do aqui e agora , aproximando-se de uma simplicidade que - aparentemente -  beiraria o simplório ; com as devidas  escusas à redundância.


Mas,de onde viria esta aparente tendência de experimentação do simples,do agora ,do "real"  ?

Um desavisado imediatista diria logo que se trata de mais uma consequência de uma educação ruim. Será ? 

Explicações imediatistas geralmente não se sustentam ou , pelo menos , necessitam de algo mais para  tornarem-se  minimamente coerentes . Assim, como quase que por associação, lembrei-me do "mundo líquido” de Bauman  , e algo , do alto de meu “achômetro”, começou a fazer sentido . 

No mundo ”líquido” de Bauman (Zygmunt Bauman, sociólogo polonês), no qual os relacionamentos hoje seriam  massivamente  virtuais , pouco reais  e sem uma duração consistente ;  talvez  o indivíduo seja levado – pela própria ausência do tangível -    a uma busca de algo mais concreto a que  , provavelmente , a literatura realística de  fatos cotidianos (ainda que forjados por um exímio autor-protagonista-testemunha )  esteja suprindo .

As cenas corriqueiras , presentes no” facebook” , “instagram” e redes sociais diversas -  no geral  triviais e predominantemente fúteis-  imitam o cotidiano mas com uma roupagem maquiada de “glamour”,   gerando uma falsa interação que , apesar de importante , não  faz com que tais cenas tenham o “status” de verdade  da “realidade/simulacro”   desta  literatura que emerge. 



Estaríamos regredindo literariamente ? 
Ainda não sei dizer e talvez não venha saber... não nos próximos trinta anos... 

Mas penso que algo parecido possa ter ocorrido com os artistas dos idos da  “Semana de Arte Moderna de 22” , por exemplo, quando grandes literatos  da época  criticaram ferozmente os arroubos antropofágicos desses artistas e escritores que – igualmente  na contramão do que estava posto como certo e “ normal” , fugindo completamente dos padrões tradicionais  que influenciavam os artistas até então - modificaram  não só a estética e a literatura  como principiaram uma renovação de  costumes.   

Provavelmente, o “Abapuru” de ontem, possa ter assustado tanto quanto os versos livres e descompromissados de hoje...
  Lobatos que o digam !

http://www.estudioaliento.com.br/attachments/Image/livros_mouse.jpg




Mary  Lúcia  Oliveira