“Tava de boa” com meu jeito bege de ser.Completamente integrada e feliz com meus “tons pastel”.Vez por outra um amarelo um tanto intenso , um floridozinho discreto , um eventual preto ; algumas cores pálidas aqui e ali , sempre discretas. Até havia um vermelho em algum ponto esquecido do armário , jazendo oprimido em um canto menos glamoroso do guarda-roupas.
Estava deboinha mesmo , até que uma amiga meio periguete (...é, meio periguete ou periguete de boutique ...Ih ! Difícil de explicar...) veio me dizer que eu andava muito bege, que me vestia de um jeito muito sem graça...
Na hora , não dei muita bola, porém, tempos depois , comecei a pensar no assunto.Decidi que ainda gostava do meu jeito bege de ser , entretanto , talvez um pouquinho de cor viesse a ser interessante.
De repente, encasquetei –me com o vermelho , como alguém que resolve , repentinamente, tomar um porre de cor...
Mas não estava sozinha nessa... Segundo a alquimia - química praticada na Idade Média e que se baseava na ideia de que todos os metais evoluem até virar ouro - a cor vermelha também estaria associada a rubedo , que representaria o quarto e último estado da alquimia, chamado de “a iluminação” e seria precedido pelos estados: nigredo (morte espiritual), albedo (purificação), e citrinitas (despertar). Conforme Jung, citado em “Anatomia da psique” de Edinger: “...Na linguagem dos alquimistas, a matéria sofre até a nigredo desaparecer, quando a aurora será anunciada pela cauda do pavão (cauda pavonis) e um novo dia nascerá, a leukosis ou albedo. Mas nesse estado de "brancura", não se vive, na verdadeira acepção da palavra; é uma espécie de estado ideal, abstrato. Para insuflar-lhe vida, deve ter "sangue", deve possuir aquilo que os alquimistas chamam de rubedo ou a "vermelhidão", da vida. Só a experiência total da vida pode transformar esse estado ideal de albedo num modo de existência plenamente humano. Só o sangue pode reanimar o glorioso estado de consciência em que o derradeiro vestígio de negrume é dissolvido, em que o diabo deixa de ter existência autônoma e se junta à profunda unidade da psique. Então, a opus magnum está concluída: a alma humana está completamente integrada.”
E nesse porre de cor... uma blusinha vermelha aqui, uma sainha vermelha ali, até chegar às raias do vermelho , resultado de um desatino de consumo; um quase ato falho : unhas e boca vermelhas !
Decadência total ! Moral ? Nãooo ! De estilo e convicções mesmo ! É preciso um certo estofo e alguma competência para se estar , de uma única feita, toda trabalhada no vermelho : roupa , unhas, boca e intenções ...
...............Tempos depois, a mesma amiga disse para eu me controlar em relação às minhas roupas... ..............Jamais dependa da coerência de amigos !
“Grazadeus” ,
recuperei meus sentidos !
Bem,
não sou uma criatura que opere bem no vermelho...
Mary Lúcia Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.