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Colunista:

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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Breve Ensaio Sobre a Escravidão




Dia 8 de março chegando .
É... aquele dia/semana "dedicado" à mulher. Ual !!! Agora temos uma semana !!!
Quanto "progresso" !!!!
...Tipo: aproveita bem esse dia aí porque , nos outros, só dá eles !
*
Bem, decidi "aproveitar"  esse "meu dia/semana ", reeditando o texto que deu origem a este blog tempos atrás.

Sugira a leitura para aquele seu amigo, parente, conhecido, namorado , marido,amante...
...aquele que sempre diz que NÃO é machista mas que AGE COMO UM e ainda se dá ao direito de se irritar se você o obriga a ver o quanto suas atitudes não conferem com seu discurso.


Breve Ensaio Sobre a Escravidão

     Servidão,sujeição. Eis a definição dicionarizada para escravidão.Como a prática desta entre os humanos  é coisa antiga e ao mesmo tempo contemporânea  –  embora teoricamente façamos de tudo para combatê-la  –  os dicionários, entidades pouco dadas à divagação instrutiva( o que é uma pena !) , não se preocupam muito em esclarecer se tal servidão ou sujeição, hoje, pode vir a ser  tacitamente consentida ou se tem deveras apenas seu caráter literalmente de servidão, da dominação pela força. As grandes questões  são: Quem domina? Quem é dominado? Por quê?

     Historicamente, uma pessoa poderia ser escravizada, dentre outras tantas razões, pela cor de sua pele.A nós, basta que nos atenhamos a este fato: alguém nascia  com uma característica genética específica , e pronto, entrava  para a “danação eterna"!  Era perfeitamente lícito o sujeito, porque branco, esperar que suas fezes fossem recolhidas pelo negro que lhe servia , que seu banheiro e sua casa fosse limpa e suas outras tantas necessidades fossem prontamente atendidas pelo desafortunado nascido sob o histórico estigma da cor .

     Mais que isso, nem sempre o escravizado se rebelava. Pensava mesmo ser inferior a seus senhores ou  que haveria uma ordem e hierarquia corretas na sociedade, na qual seu papel e posição eram exatamente esses. Sentia-se muitas vezes até confortável em sua situação social. Afinal, era isso o que esperavam dele e não podia decepcionar toda uma sociedade pré-estabelecida. Ou ainda,como seria seu lugar no mundo se não aceitasse seu papel? Acabaria por certo segregado em algum quilombo distante , temendo ser encontrado... Rebelar-se pode ser bastante complicado e requer muita capacidade , ousadia e auto-estima. É isso! Rebelar-se nunca foi para todos...

     A humanidade , vista através de olhos distanciados pelos séculos, parece ter sido bastante repugnante e cruel em alguns momentos guardados no tempo. Entretanto , a poeira desses tempos  , ainda impregnada em algumas retinas,  nem sempre  permite enxergar a servidão que continua fazendo entrar para a danação eterna alguns seres desafortunados , nascidos, desta feita,  sob o estigma do gênero.

     Por medo de não possuírem um senhor e um lugar na sociedade , ainda que inferior  e serviçal, hoje, algumas almas – infelizmente ainda uma grande maioria – nascidas  sob o estigma não da cor mas do                                                                                                                          
gênero, sendo este de qualquer cor  ;  ainda acreditam serem serviçais do outro gênero, e estes , considerando-se superiores àquelas  - pela simples marca genética aleatória de se ter recebido um falo –julgam-se no direito de escravizar seres humanos , de novamente ver suas fezes recolhidas  e sua casa limpa por este ser - que nem sempre  se percebe inferior- porque, os senhores de hoje; aprendizes dos senhores de ontem, sabem que o melhor e mais eficiente domínio não é mais composto por ferros, muito menos por senzalas, mas sim, por dourados anéis, longos vestidos brancos compondo a cena com buquês, frases feitas de efeito, do tipo: “RAINHA? do lar” , “DONA? de casa”...

     Infelizmente, mesmo seres dotadas de grande conhecimento e em pleno gozo de suas faculdades mentais, deixam-se  dominar por esses senhores ainda feudais . Talvez, impelidas por uma baixíssima autoestima, a qual só pode ser sanada ou amenizada por um  vestido branco e  um buquê , o que , num delírio coletivo e teatral , as faz sentir enfim  alguém por algumas horas. E assim, no curso de suas quase vidas , exaustas, executam sua terceira jornada ao chegar em casa após um dia inteiro de trabalho  porque , no imaginário coletivo, isso as faz mulher; e elas não podem contrariar aquilo  que lhes dá um lugar no  mundo.




     Alguns senhores são um pouco menos desumanos com suas escravas, eles costumam dizer - orgulhosos e altivos-  que AJUDAM suas serviçais (...aquele que AJUDA, obviamente entende  que o trabalho não é dele,  mas não perde a chance de parecer magnânimo ou expressar alguma compaixão  pelos seres que considera inferiores...   ... além disso, já que não considera SEU TRABALHO TAMBÉM, dá-se ao direito de ESCOLHER  o tipo de "trabalho" e como irá ajudar... ) .



   ... afinal , seres com falo   acreditam não possuírem  em seu DNA as características , do outro ser,  que consideram marcadamente genéticas  e que possam defini-las  como serviçais, mas podem eventualmente tentar parecer  politicamente corretos. Aliás , a filosofia  verbal do “eu não sou seu senhor” (...para continuar sendo...), na escala evolutiva da dominação ,  parece ser atualmente a mais eficiente.
     
As grandes questões, por fim,  não são  mais quem domina ou quem seria dominado , mas sim ,o fato de que os motivos continuam sendo os mesmos. O que parece ter mudado foi apenas o tipo de punição, que agora é ofertada tanto às rebeladas quanto às serviçais.O exílio- de ambas -agora é solitário.Em verdade, hoje,não há mais a segurança dos quilombos, pois estes pressupõem união. Refugiam-se  - no máximo- em si mesmas, executando diária e bravamente, cada uma,o seu teatro.Afinal, são "treinadas", desde sempre, para serem rivais.
#escravidão 
#machismo 
#feminismo
#sororidade 




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