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Colunista:

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sábado, 15 de agosto de 2015

Evolução Feminina , Atualização : Internet -Chapinha



No cenário de  lutas femininas,só para citar um tópico,  vivemos até pouco tempo  em uma época em que , na publicidade e na vida -  ter cachos -  por exemplo ,   não era  de forma alguma uma vantagem , sequer um modo de ser ; a menos que se quisesse passar despercebida. Além disso, perder  todos os dias um tempo enorme tentando domar esses cachos para , ao menos, parecer “aceitável” e , portanto, “integrada” à sociedade , era muito dispendioso.E horrível.E injusto. Mas esperar uma reação contrária de uma adolescente , por exemplo,vitimada por todas essas  ideias distorcidas de beleza  e de sucesso, veiculadas na subliminaridade  da mídia , realmente,  seria pedir demais.

Sem esquecer  o movimento feminista e suas conquistas , porém acrescentando dados relevantes ;   no século passado , a invenção da pílula e da máquina de lavar elétrica
 consubstanciaram-se   ao movimento libertário da mulher que  pareceu então  assentado , faltando  aparentemente  ao feminino  , agora , “evoluir”  a partir de então, embora muitas de nós - se  não  ainda a maioria -  apesar de ter  recebido esta pequena alforria , siga  autoflagelando-se  dentro desse  arcaico inconsciente coletivo patriarcal.

Porém, reivindico ainda  uma sequência  lógico-evolutiva , agregada ao movimento feminista , passando pelo quadrinômio:  pílula-máquina de lavar –internet-chapinha . É......chapinha !!

Aparentemente grotesco ou irrelevante, numa primeira vista  não parece  nem um pouco digno reduzir  o movimento feminista e as conquistas femininas a um   quadrinômio como o  mencionado , entretanto, com a pílula libertamos  não apenas nosso corpo e nosso prazer ,
mas também  nossa mente , tornando o fato de ser mãe uma opção e não mais uma obrigação  ; com a máquina de lavar,  ganhamos o ócio produtivo  , também investido nos estudos; e agora , estamos vivendo  ,supostamente  ainda  , no limiar  desses dois  movimentos finais  do quadrinômio : internet-chapinha.







A internet , livre e por definição democrática, abriu  as fronteiras do pensamento , da ação e, consequentemente , propiciou  novas formas de pensar , de agir , de se estar no mundo , de se encontrar iguais,formando subjetividades mais livres e menos sujeitas às investidas de um padrão midiático único e  pré-formatado . Ter cachos , agora  é  - de fato –mais uma opção para as mulheres , embora não necessariamente assimilada pelos homens até há pouco,também vitimados pela mídia em questão.



À esta altura , você deve estar se perguntando: “mas onde entra o raio da chapinha?” Ora,na cabeça!   Mas não apenas nos cabelos... Se a possibilidade de assumir os cachos conseguiu  libertar a mulher de certos padrões  , a chapinha igualou  de certa forma as mulheres sob certos aspectos, e entre iguais , a competição tende a ficar menos agressiva . No mundo animal – do qual ainda fazemos parte, ao que tudo indica  - em cada espécie  , há um padrão de
comportamento entre macho e fêmea  que varia de espécie para espécie. Dentre alguns pássaros (não saberia dizer se todos ) é o macho o mais enfeitado , mais repleto de cores e plumas , pois necessita “aparecer” para uma fêmea que é afetada pelo visual do macho em suas decisões de acasalamento . 

E assim parece ocorrer  com todos os animais: um se mostra e o outro se sentirá particularmente  afetado por este visual a ser mostrado.  Nos seres humanos , o homem é que será atraído(e escravizado)  pelo visual e, portanto,isso parece fazer  com que a mulher,de um modo geral,  busque naturalmente se enfeitar.

Desta feita, se antes, culturalmente,a mídia dava prerrogativas gritantes à mulher de cabelos lisos, agora, com a internet desbancando a mídia seletiva e democratizando conceitos , e a chapinha  igualando visualmente as mulheres , tornando o visual “liso” apenas uma decisão
momentânea e reversível - assim como ter cachos - oferecida a qualquer mulher ; refaz-se  assim um jogo de forças - antes tendencioso – que aprisionava a mulher dentro de um estereótipo , afetando  inclusive as corajosas que tentavam resistir ao modelo feminino padrão.



Há quem diga que a chapinha apenas  estabelece o estereótipo “liso” , confirmando-o , reforçando-o. Até certo ponto , concordo. O que ninguém imaginou é que haveria desdobramentos outros , um ciclo evolutivo libertário sem precedentes , escondido num reles equipamento de beleza  ou , respeitando-se  a cronologia dos acontecimentos,no quadrinômio : pílula - máquina de lavar –internet - chapinha.


Pois é, não é nem um pouco glamoroso. Às vezes as revoluções/evoluções acontecem assim, beirando o ridículo  e com desdobramentos inesperados. Mas era o que tinha para ontem , hoje e, ao que tudo indica , continuará ocorrendo.


Mary  Lúcia  Oliveira.


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