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Colunista:

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domingo, 14 de agosto de 2016

Aprendendo com Betty Wright



As pessoas estão cada vez menos pacientes e mais ansiosas, reflexo dessa transitoriedade 
de nosso tempo.

Desde  a alimentação  fast-food , o curso de imersão , o prático olá com emoticons, a breve duração de um compromisso a dois até a assimilação musical ou  a não permanência de um sentimento... tudo tem de ser rápido: comida rápida, sensações rápidas, amores rápidos , vida efêmera.

O transitório parece estar dominando  a vida, o passageiro torna-se mais interessante  e , o vazio que vem depois , bem, vai passar...  .... é o que dizem, ou o que pensam (ou querem pensar )...

Fomos educados na permanência, por quem viveu a manutenção dos clássicos modelos de sociedade   e , por isso,  somos impelidos a buscar por ela, porém, o que encontramos hoje é a impermanência das coisas, das instituições, das emoções , das pessoas em nossa vida. Impermanência, conceito  de uma ”pós-pós-modernidade” ou “modernidade líquida”   em que a sociedade desconhece o indivíduo, a noção de intimidade. A violação da privacidade é cultuada, aceita , institucionalizada  ,fazendo com que o indivíduo precise comunicar o seu almoço em redes sociais para ser entendido como indivíduo. 

Aos que aceitam passivamente a violação de sua privacidade – a maioria - tudo precisa ser comunicado  externamente, afinal, já quase não possuem vida interior, sequer conseguem encarar este interior. É preciso “matar o tempo” , passar o tempo todo ao celular , tablet, computador, redes sociais, para não ter que entrar em contato consigo mesmo... ... talvez para não descobrirem que já não existem...

Tenho uma teoria : entre outras tantas consequências , talvez por isso até o gosto musical tenha  piorado tanto nos últimos tempos. Poucos conseguiriam , por exemplo, capturar o deleite de ouvir uma Betty Wright em “ Tonight Is The night”  no min  4:30  e , especialmente, no  min 5:33 , por não terem a paciência de escutarem aos quase pacatos minutos iniciais.
 Betty também nos dá  outras lições , como na música No Pain No Gain” , em um de seus versos : “...Mas o amor é uma flor que precisa do sol e da chuva.Um pouco de prazer vale o mesmo que muita dor. Se você aprender este segredo, como perdoar, uma  vida mais longa e melhor você viverá ...” ... Especialmente  em tempos impermanentes ...  E você  ainda ganha um  plus vocal a partir do  min 2:26 , que tem seu auge entre os minutos 2:38  a  2:48  ; 10 segundos do mais puro e gratuito deleite sonoro , e que atingem bem fundo : lugar atualmente distante e inóspito demais para muitos ... 

Mas tem de aumentar bem o som para conseguir ouvir , ou entender...

Mary Lúcia Oliveira.

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