Nos
ridículos seculares, quando a humanidade está perto de algo novo , de evoluir em
costumes , crenças e conhecimento, sempre aparecem os estúpidos medrosos do contra-
especialmente dentro dos poderes constituídos - tentando deixar tudo como está,
porque simplesmente não conseguem operar dentro do novo; sequer cogitam a
possibilidade do novo vir a corrigir falhas ou enganos históricos.
Neste
cenário, é surpreendente ver um canal assumidamente materialista e ateu ,exibindo um documentário,
relacionando ciências ocultas à ciência moderna , deixando clara a antiga relação
existente entre ambas e o quanto a ciência atual deve aos antigos místicos, videntes
, magos e bruxos do passado.
Oi
??? Hein ???
A
ciência moderna está numa encruzilhada. Muito do que está sendo descoberto
atualmente : “Design Inteligente”, experimento da fenda dupla , teorias como a das “super cordas”, entre outras , já
deixam claro os rumos que nossa ciência está seguindo, voltando , de certa
forma, às suas origens ; embora nem
todos gostem desta associação.
Será
então que a ciência com seu reducionismo materialista e em grande parte ateu (aqui,
aos bons entendedores, não falo de religião...) estaria se redesenhando e em
rota de (re)união com os místicos , buscando
unir forças e se libertando dos velhos axiomas materialistas e ateus que tanto
a têm bloqueado ao longo de sua trajetória ?
Vou
confessar um pecado – quase um crime - e
não espero contar com a benevolência de vosso julgamento, caro leitor . O crime
? NÃO
VI TITANIC !
E
daí ?Embora já tenha pagado minha
dívida com a sociedade (reclusão social de vários meses pós filme à época ......ninguém
conversa com quem não assiste a um filme desses...), vira e meche sou cobrada
por isso, como ontem, numa roda de amigos. Sei que é um filme emblemático, que sempre
será mencionado em alguma roda social, que produziu imagens icônicas no cinema
, blá-blá-blá......e blá.... ... mas , ainda assim, não pretendo assisti-lo . Sigo
incólume.
Falo
do Titanic com Di Caprio. Sim, porque
“Titanics” são vários e o de minha infância foi suficiente . Titanics são como
o inferno da semana santa com o perrengue de Jesus Cristo que não acaba
nunca . Aliás, odeio Semana Santa! E isso também acontece com o carnaval ; mas
já odiei mais ... Hoje, com o advento da TV a cabo , consigo passar por estes
eventos – infernalmente cíclicos - com
menos tédio.
Sinceramente
, qual a graça de assistir a um filme que TODO
MUNDO conhece o final e que , aliás, “vamo combiná ” , ainda que
tenha cenas românticas , é sinistro
..........e o mocinho morre no final, juntamente a outros tantos desafortunados... E se você já sabe o final – trevoso
como esse – POR QUE ASSISTI-LO ??????? Seria alguma espécie de auto-punição,
masoquismo ou talvez algo mais geral como a atração de um inconsciente coletivo relacionado a tragédias?
O
conceito de Inconsciente Coletivo foi criado pelo psiquiatra suíço C. G.
Jung que ampliou o conceito de inconsciente(pessoal) de Freud após
discordar de algumas ideias dele. Numa definição menos glamorosa, o
inconsciente , grosso modo, seria o que não sabemos de nós mesmos ;
tendo Jung ampliado o conceito de inconsciente fazendo uma distinção entre Inconsciente
Pessoal ,que Freud havia estudado ( no qual encontramos o que foi recalcado,
escondido, esquecido e que continua lá em nosso inconsciente , reaparecendo em
sonhos, atos falhos ou até em sintomas físicos ou psíquicos) e Inconsciente Coletivo (que não
representa o que eu vivi, mas o que a humanidade como um todo viveu ; forma de pensamento
universal com carga afetiva que é herdada , dando origem às fantasias
individuais e às mitologias de todas as épocas).
É
nesse emaranhado inconsciente que vivem as
imagens arquetípicas ou “imagens primordiais” ou arquétipos ,originadas de uma repetição progressiva de
uma mesma experiência durante muitas gerações, armazenadas nesse inconsciente
coletivo. As principais estruturas formadoras de nossa personalidade são
arquétipos.Temos em nosso imaginário, desde criança , exemplos de arquétipos como o da morte, do herói,do fora
da lei e outros tantos que fazem parte de nosso inconsciente coletivo e, independentemente de
religião ou do lugar de onde se venha , essas imagens serão sempre muito comuns
a todos e entrarão na composição dos mitos , contos de fadas, de horror ou lendas que transmitimos de geração a geração,
pois a função dessas histórias é trazer
à tona o que está no inconsciente e
cujas influências se expandem para além da psique humana , indo se aninhar até
mesmo nos filmes e na publicidade...
Bem,
recusar-me a assistir Titanic não é apenas uma decisão
antissocial num exercício consciente de minha tripolaridade . Estou apenas
tentando escapar desse inconsciente coletivo trágico, desse prazer mórbido ao
visualizar tragédias , rejeitando parte dessa herança atávica (ainda que sejam
impulsos naturais humanos ),tentando superar algumas dessas imagens
trágico-arquetípicas,submersas nesse nosso inconsciente coletivo, reprimido
pela religião , pela sociedade e pelos
poderes constituídos ou camuflados.
Em
tempo : Di Caprio ainda é uma bela figura ; mas prefiro vê-lo hoje , mais
maduro, como em O Lobo de Wall Street - que
ainda não vi – mas vou ver ...
Não é só na política
que flertamos com o fascismo, nosso humor também parece ter sido contaminado
por ele.
Apesar de não muito desconectado dos modelos
estrangeiros, o humor brasileiro tem as suas particularidades. Segundo o titular
de teoria da história da Universidade de São Paulo (USP) , Elias Thomé Saliba ,
autor do livro “As Raízes do Riso “ , que
investiga as raízes do humor no Brasil ; a comédia feita por nós é impregnada
por duas características marcantes da sociedade brasileira: a confusão entre as
esferas pública e privada e a vocação para tratar tudo de maneira emocional. E
ainda , de acordo com o autor , que "O
humor brasileiro é reflexo da nossa falta de identidade".
O humor , em
geral, é quase sempre caricatural, mas
pode ser também cruel.Ele expõe limitações, defeitos e faz rir , ao mesmo tempo em que pode
insultar. E quando insulta, é a forma mais preconceituosa de humor, a mais
fácil e que menos criatividade exige, apenas reproduzindo o conservadorismo da sociedade
em forma de piada e , exatamente por isso, é o humor em seu nível mais baixo.
No Brasil atual,
a SUPOSTA liberdade de ser politicamente incorreto acabou se tornando
uma ótima desculpa para humorista ruim fazer carreira. É bom lembrar que a
história está repleta de desculpas aparentemente perfeitas que serviram muito bem para provocar guerras,invadir nações, violentar, oprimir e espoliar povos ; haja
vista o que Israel , atualmente –com a devida desculpa do holocausto – impõe aos
palestinos (verdadeiros donos da região) e com o aval da ONU . O holocausto
foi, de fato, um dos maiores genocídios da humanidade , porém , utilizá-lo como
desculpa ideológica para promover exatamente o mesmo contra outros povos, constitui
uma trágica ironia histórica , cujo início se deu pela má interpretação e o mau uso do politicamente incorreto, ou do medo dele.
Fenômeno
aparentemente novo , embora o humor “stand
up” tenha se transformado em uma espécie de febre por aqui, ele na verdade é
exercitado desde a década de 1960, por meio do já falecido humorista José
Vasconcellos, além de outros como Jô Soares e Chico Anysio. Apesar disso, o
estilo parece ter renascido como
novidade em meados dos anos 2000 , revelando novos nomes como os dos integrantes
do CQC ,na Band , além do grupo de
Marcelo Adnet ,os quais , por meio da internet , obtiveram alguma notoriedade e
audiência mas também críticas e debates
sobre seus textos ou improvisos. Segundo Saliba, "Em algumas épocas, sobretudo as de forte
censura, o humor funcionou como válvula de escape, já que possui vocação
intrínseca para revelar verdades escondidas sob o véu da mera diversão";
entretanto , o que se vê, sob o manto do
direito ao politicamente incorreto (talvez resquícios
de traumas de nossa história recente,relacionada a tempos de censura ), são
piadas rasas e carregadas de um alto teor de bullying , defendidas por alguns destes
novos “comediantes” como sendo humor , quando , na verdade, o que deveria estar
em jogo e sendo discutido seria a qualidade artística – inexistente - do texto.
Assim, o que não só diferencia mas também separa comediantes ruins dos bons humoristas e dos consagrados comediantes
de stand-up (há alguns muito bons) , não é o tom politicamente incorreto mas
sim a péssima qualidade de suas piadas que , de tão baixas, tem-se a nítida
sensação de que , por exemplo, comediantes como Danilo Gentilli e Rafinha Bastos, estejam simplesmente
proferindo ofensas como se estivessem no pátio de uma escola praticando bullying , sem apresentar algo realmente criativo ou exercer qualquer conteúdo
crítico sobre a atualidade.Com este expediente, a fama de alguns humoristas parece ter
sido construída, basicamente , ofendendo pessoas públicas , pegando carona na fama alheia . Há quem os defenda? Sim, há. Entretanto,
quase sempre baseados no mesmo tipo de argumentação falha e carente de
sustentação mínima, afinal, usam o mesmo
argumento infundado de que não se possa
cercear o humor politicamente incorreto, quando na verdade deveria se mencionar
a qualidade da piada ou a falta de conteúdo
crítico sobre a atualidade .
Estou exagerando
? Bem, vamos lá então. Na frase (piada?) de Rafinha
Bastos, no programa CQC da Band , sobre a beleza da cantora Wanessa Camargo,
que estava , à época, grávida do
primeiro filho : "Eu comeria ela e o
bebê" ; ou ainda : "A
criatura tem pelo, é feia, fede a enxofre e não posso chamar de demônio? Tem de
chamar de Heloísa Helena?"
(Danilo Gentili, em cena do 'espetáculo' Danilo Gentili Politicamente Incorreto)
e : "Eu não me importo com o que os
psicólogos dizem: seu filho não é autista. Ele é simplesmente burro. Ou preguiçoso.
Ou ambos " Enfim, que
tipo de criatividade humorística podem ter frases como essas ? Que tipo de conteúdo
crítico , que muitas vezes só o humor
pode despertar, pode ser observado nestas “piadas” ? A liberdade de ser politicamente incorreto acabou se tornando uma
ótima desculpa para humorista ruim .
Ok, o
preconceito está na sociedade e o humor
dialoga com o preconceito. Tá ! Mas este diálogo não está livre de certas discussões.
O humor pode reforçar – ou não – os
estereótipos. Ele busca o reconhecimento, o aplauso e o riso. O prazer do riso advém da capacidade de conquistar a plateia . Qual é o caminho
mais fácil para esta conquista? Para alguns humoristas , a forma mais fácil de
provocar risadas é investir no preconceito, nos estereótipos. Se estes
estereótipos são compartilhados pela maioria, basta falar o que a maioria quer
ouvir. Assim, o humorista se desresponsabiliza com o argumento de que está apenas resgatando
algo que já estava presente na mente de quem riu e transfere o ônus ( e portanto reconhece que há
um ônus para alguém) para o público . Mas , se está na cabeça de quem riu ,e em
certa medida até no inconsciente coletivo,também está na de quem fez a piada. Mas
o pretenso humorista , ao agir assim, tenta descomprometer-se, preferindo imaginar que seu discurso é neutro e ou apenas reproduz os valores dos outros. O "humorista" Danilo Gentili , certa
feita, ao arrancar risadas com uma de suas piadas disse que a platéia não deveria ter rido. Ora , assim
sendo, se não era para rirem, por que então decidiu contá-la ? Segundo ele, porque o público ri , concluindo
de forma simplista que o grande errado
da história é quem ri e não quem conta a suposta "piada" ,
tentando isentar-se do fato, como se fosse possível.
Uma sociedade
livre deve conceder espaço para que opiniões ofensivas e humilhantes possam ser
proferidas em público ?
.............Então,
do que é que você anda rindo ?
“Nada descreve melhor o caráter dos homens do que aquilo que eles acham ridículo.” J. Goethe.
E aos que possam
achar que estou implicando
com o gênero Stand
up, deixo aqui o vídeo de um COMEDIANTE que ,
de fato , valeu-se de sua
liberdade de expressão e ousadia para
uma apresentação de muita sensibilidade, conteúdo ,sentido e HUMOR ; e que , sem falar português (e menos ainda alemão...rrsss) acrescenta algo a quem assiste e cuja inspiração não poderia ser ninguém menos que Charles Chaplin, que em toda sua extensa arte
jamais precisou denegrir alguém para fazer sucesso no mundo inteiro:
Sou de uma época em que segredo a dois não era mais segredo, por óbvio. Porém, escondê-lo consigo mesma costumava ser suficiente ou , existindo provas materiais ( fotos, filmes, cartas...) , bastava guardá-las devidamente em algum cofre , gaveta ou baú com chave...). No máximo seria conhecido após sua morte ou por um descuido qualquer ou azar .
E nossos
“micos”? Ah ! Ficavam registrados apenas em fotos físicas ou em filmes
sobre os quais tínhamos algum poder de ocultá-los e que , um dia , seriam
esquecidos ou se deteriorariam ou não
existiriam mais aquelas tecnologias ultrapassadas para que fossem revistos ;
haja vista o quase fim nada trágico da fita cassete , da fita VHS de vídeo, das
fotos impressas ... Bons tempos aqueles
!
Mas, e essa nova
geração ? Daqui a alguns anos, quando já tiverem aquela noção - que só o tempo
dá -
de que pagamos alguns “micos” dos quais nos arrependemos depois de algum
tempo e a vida inteira , terão eles a chance de ter seus
micos devidamente guardados em
algum lugar esquecido do passado ? Talvez não.
Com o advento da
internet e dos fotógrafos amadores via
celular(todos nós), nada passa impune e os micos se tornaram retroativos e
cíclicos . Ao menor deslize seu - e
convenhamos , a juventude é a época mais propícia e fecunda aos deslizes - lá estarão a internet e os tais “fotógrafos”
, a postos , para registrar o evento apoteótico de auto-humilhação e o tornar inesquecível , persistente e recorrente.
Pouco tempo atrás
, vergonha alheia (aquela vergonha que você sente ao presenciar alguém fazendo
algo constrangedor ) era um sentimento bastante comum. Quando sentimos
“vergonha alheia” , algumas células de
nosso cérebro simulam tudo que está acontecendo a nossa volta, dando a sensação
de que estamos fazendo aquilo que está sendo presenciado e , por isso ,
sentimos uma certa vergonha imediata ou vergonha alheia, servindo para que
você pense duas vezes antes de sair fazendo qualquer coisa em público. Mas este
sentimento parece estar desaparecendo e dando lugar a uma espécie de prazer
mórbido de reproduzir a cena “ad eternum” e , por mais estranho que pareça , na
maioria das vezes, com um certo consentimento tácito da “vítima” - como se
visse em seu “fotógrafo” o mentor de seus quinze minutos de fama – cada vez
mais necessários para a existência desse “novo ser
moderno” ; ainda que isto o leve
aos píncaros do ridículo e venha
persegui-lo por décadas.
Não costumo ser saudosista, mas tenho a impressão de que já fomos humanos melhores....