Coisas da Vida
Tempos Novos – Ridículos Costumes. A grande maioria de
nós ainda parece viver no passado.Desconfortavelmente no passado! De que
adianta renovar o guarda-roupas ,
comprar um carro novo, reformar a casa...
...se a cabeça não se reformula e as crenças continuam as mesmas , que
funcionavam bem mas para quem vivia no século passado? Tempos novos, novas
demandas , novas formas de ver a vida e de resolver os problemas que ela nos
trás, não? Pois é, parece óbvio; entretanto,
na prática isso nem sempre se confirma.
Nos dias atuais ,no
seio de nossa sociedade,existe uma demanda devidamente escondida pelos equívocos dos tempos , que nos acostumamos a chamar de costumes.Há
cerca de trinta ou quarenta anos, quando um ente querido envelhecia e passava a
requerer cuidados médicos , havia quase sempre uma figura feminina –que era "apenas" dona de casa, não trabalhava fora
– para cuidar deste ente familiar. Os papéis eram sempre muito claros e esta
era uma incumbência “natural”da mulher
que se encontrava em casa.
Mas agora pergunto, e hoje, há mulheres
ou pessoas em casa que possam se encarregar de tais cuidados? Raramente. A
maioria tem seu emprego e muitas vezes trabalha e estuda.Além disso, o
orçamento familiar , quase sempre , depende também deste salário. As famílias estão
enfrentando esta questão tanto sob o ponto de vista prático como emocional ; verdadeiro
dilema : deixar o ente sozinho em casa sem maiores cuidados , correndo riscos e muitas
vezes sem medicação na hora certa ; pagar alguém (inviável e caro para muitos); deixar o emprego e não ter dinheiro para , até mesmo, comprar
remédios; colocar este ente em uma
clínica ou asilo (as populares ou gratuitas estão sempre sem vaga) e passar a ser visto
pelos demais familiares , amigos e vizinhos como alguém “sem coração”... Pois é, parece que
não há muitas alternativas , não é mesmo?
“Ah! Isso não é da minha conta
...”, vocês poderiam dizer. Bem, meus caros, acho que devo mencionar que isto
pode até não ser da sua conta - agora
- mas provavelmente será um dia. Precisamos enfrentar esta questão com mais seriedade e
humanidade ; humanidade tanto para com os doentes quanto para estes familiares que se consomem , ora pela
dor de , possivelmente , ver
aproximar-se (ou se acelerar )uma despedida deste ente familiar,ora pela culpa – indevida - de necessitar deixá-lo, eventualmente e por
não ter opção , em uma clínica ou asilo.
Mas, o que fazer
então? Infelizmente não
tenho respostas prontas. No entanto, precisamos deixar de ser tão imediatistas
e passarmos a cobrar de nossos governantes não apenas as questões de sempre:
educação,saúde,violência e outras igualmente importantes; mas também, políticas
públicas neste sentido.Quais? Bem ,isso pode vir a ser um debate popular -
afinal , estamos nas “vésperas” das próximas eleições -mas começo a pensar se
não seria possível , nestes novos tempos;ao menos de início , novas formas de configuração do que conhecemos
por asilo ou clínicas geriátricas. Por que não , por exemplo, creches públicas para idosos , nas quais possamos deixar nossos familiares queridos durante o dia
e os buscar à tarde, podendo dar - a eles e a nós - um fim digno e humano ?