Tenho , de certa
forma ,desvirtuado os objetivos deste blog nas últimas semanas.Era para ser o
lado descontraído do ridículo nosso de cada dia...
Senti-me
esgotada ao produzir , dias atrás , o texto: “Breve Histórico da Manipulação Política.”
Considerei inclusive fechar a questão e não mais retomar o assunto, porém,
observando atentamente a repercussão deste , comecei a pensar se nós - de esquerda ou não – mas que amam este
país ; estaríamos fazendo tudo que esteja ao nosso alcance para mudá-lo,
melhorá-lo , tirá-lo das mãos dos oportunistas de sempre , travestidos
ridiculamente de paladinos da moral , dos bons costumes e da decência (talvez
aqui recupere o sentido deste blog... ).
Mas não é fácil
falar disso sem antes ser taxada de alienada , perante o discurso pseudo
moralizante da mídia corrupta deste país, imediatamente aceita como verdade por
indivíduos pouco despertos para a realidade.
E assim,
lembrei-me de uma história , na verdade um mito , criado por um filósofo grego
da antiguidade , Platão,como uma
ferramenta didática que julgo ser perfeita para estes nossos tempos: “O Mito da Caverna” .
Este mito ,
história ou alegoria, fala de prisioneiros cativos
desde o nascimento - que levam toda a vida presos em correntes numa caverna - passando todo o tempo olhando para a parede do fundo
desta caverna onde estão encarcerados - sendo esta , iluminada apenas pela luz vinda de uma fogueira. Nesta parede são
projetadas sombras de estátuas representando pessoas, animais, plantas e
objetos, mostrando cenas e situações do dia-a-dia. Tais prisioneiros passam seus dias dando nomes às imagens
(sombras), analisando e julgando as situações...
Continuando... Platão nos leva a imaginar que um dos prisioneiros fosse forçado a sair das
correntes para poder explorar o interior da caverna e o mundo externo. Assim,
entraria em contato com a realidade e, após retomar a visão embaçada pela
escuridão , perceberia que passou a vida
toda analisando e julgando apenas imagens projetadas por estátuas. Ao sair da
caverna e entrar em contato com o mundo real , ficaria encantado com os seres de
verdade, com a natureza, com os animais e etc. Assim , louco para dividir este
conhecimento com os que ficaram na caverna , voltaria para passar toda sabedoria adquirida no mundo
externo para seus colegas ainda presos. Porém, ao tentar fazê-lo , seria
ridicularizado ao contar tudo o que viu e sentiu, pois seus colegas só
conseguem acreditar na realidade que enxergam na parede iluminada da caverna.
Os prisioneiros o chamam de louco, ameaçando-o de morte caso não pare de falar
daquelas ideias consideradas absurdas.
O que Platão
tentou nos dizer por meio da metáfora de “O Mito da Caverna” ?
Bem, Platão foi
muito feliz ao criar esta imagem que, didaticamente ,diz claramente o quanto
nós, seres humanos, temos uma visão por vezes distorcida da realidade.
Em uma analogia direta, tais prisioneiros
somos nós (ou a maioria de nós) que enxergamos e acreditamos apenas em imagens
criadas pela cultura, conceitos e informações que recebemos durante a vida. A
caverna simboliza o mundo pois nos apresenta imagens que nem sempre representam a
realidade.
Por meio desta
brilhante imagem criada por Platão, descobrimos que só é possível nos
apercebermos da realidade quando conseguimos nos libertar ou pelo menos
conhecer a força destas influências culturais e sociais em nossas vidas , ou seja,
quando enfim nos permitimos “sair da caverna”, embora tenhamos , muitas vezes
, que enfrentar a ignorância dos ainda cativos .
Enfim , talvez soe arrogante o que vou dizer mas
tenho tentado “retornar” solitariamente à caverna para iluminar de alguma forma este
cárcere em que se encontra a sociedade brasileira, cegada pelas imagens desta
caverna , iluminada apenas pelas labaredas projetadas pela calculada fogueira
da mídia corrupta , executando o que
imagino ser minha modesta contribuição .
Entretanto, temo
que tenhamos sucumbido e arrefecido o
combate , diante do bombardeio cotidiano de uma mídia -que descobriu na
insistência diária -uma abertura em nosso flanco . Precisamos fazer , urgentemente , um “mea culpa”: quantos de
nós ( repito , sim ou não de esquerda mas que prezam por este país) que , em
tempos de acirrada campanha política , não devotou horas de seu tempo a
desconstruir as mentiras da mídia
vendida e que , de tempos para cá, não se rendeu aos factóides desta mídia
anti-patriota - exaustivamente engendrados - é bem verdade , deixando o flanco
aberto aos desertores desta pátria , entrincheirados no jornalismo rendido ?
Não seria este o
momento para retomarmos a luta – diária – pela reconstrução deste país ?
E sendo assim ,
pergunto : vamos - todos - descer à caverna ?
Mary Lúcia Oliveira