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Às vezes, vivemos o que vou chamar de momento cobogó.Minha metáfora arquitetônica para a reconstrução de si mesmo.
Cobogó: recurso arquitetônico, inventado por três engenheiros/arquitetos brasileiros, na primeira metade do século passado, batizado com a união de suas iniciais: Coimbra, Boeckmann e Góis, sendo conhecido também como elemento vazado. Feito de concreto ou cerâmica , limita os ambientes sem impedir a entrada de ar e de um pouco de luz .
Limita, sem impedir...
Abaixo da linha do equador, o sol impera e às vezes castiga,
mas sua luz tem uma incidência generosa nos trópicos.
Os elementos vazados , permeados por esta luz , desenham sua sombra nos pisos e paredes,transformando todo o ambiente; tanto para quem vê de fora quanto para quem os vislumbre no interior desses espaços arquitetônicos , surgindo de diferentes formas em períodos distintos do ano , devido à luminosidade característica de cada estação .
À noite, a iluminação artificial atravessa seus pequenos vãos, do interior para o exterior, tornando a construção arquitetônica uma espécie de luminária urbana ,interagindo com as sombras de seus usuários , mobiliários, além de ser um espetáculo sensorial.
Limita, sem impedir...
Muitas vezes , somos limitados , tolhidos. Por algum tempo, aceitamos a estagnação sem grandes reações, como se fosse o curso natural das coisas.Mas limitações não precisam ser impedimentos ; ainda que , aparentemente - ou num primeiro olhar - não haja nada que possa ser feito .
Nunca pensei que fosse possível, limitação sem impedimento...
Às vezes, o impedimento - ou a não solução - estão também em você. Mas quando enfim se aceita o desafio da reconstrução , do partir para o desconhecido e de se recomeçar, precisa-se mudar algo na planta, na fundação ou , pelo menos, buscar materiais mais permeáveis para erigir novos contornos de si mesmo , deixando toda a luminosidade entrar...
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Mary Lúcia Oliveira.
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